Abandono

'Dossiê' do Sintep não mudou situação precária em escolas de Rondonópolis

Escola André Maggi ainda não tem quadra de esportes e teve piscina interditada; no Jardim Europa teto está caindo sobre os alunos.

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16 de Agosto de 2013, 05h30

'Dossiê' do Sintep não mudou situação precária em escolas de Rondonópolis
'Dossiê' do Sintep não mudou situação precária em escolas de Rondonópolis

Servidora mostra muro com buraco e sob risco de desabamentoEm maio deste ano o Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep) divulgou o "Dossiê das Escolas Públicas do Mato Grosso". Com fotos e informações colhidas nas escolas, o documento mostrou um cenário de precariedade na infraestrutura das unidades de ensino - várias delas em Rondonópolis. Nesta semana a nossa equipe iniciou um levantamento baseado no 'Dossiê' e constatou que quase nada mudou nestes três meses.

Em Rondonópolis a maioria das escolas estaduais está em situação crítica. E o quadro tende a piorar caso não sejam feitas ações concretas para aliar espaços físicos e pedagógicos de qualidade.

A professora Maria Celma Oliveira, presidente da subsede do Sintep, atribui a situação à falta compromisso do Governo com a Educação. "O Governo tem recursos para realizar as reformas. Ocorre que, muitas vezes, as empreiteiras fazem projetos mal executados, abandonam as obras, solicitam aditivos de verbas e não concluem o serviço. Falta fiscalização sobre o destino do dinheiro público", disse Celma.

O dossiê também foi entregue para o Ministério Público Estadual (MPE), Tribunal de Contas (TCE), Assembleia Legislativa e Conselho Estadual de Educação. Porém, até o momento, não houve nenhuma manifestação do governador Silval Barbosa (PMDB) e nem do secretário estadual de Educação, Ságuas Moraes (PT).

Instalações elétricas oferecem riscos e não suportam ar-condicionado.Exemplo
A Escola Estadual André Maggi ,que é relativamente nova e deveria ser uma 'escola modelo', é um exemplo do descaso denunciado pelo Sintep. Inaugurada em setembro de 2005 como um protótipo de "Escola Atrativa', foi entregue inacabada, sem o ginásio poliesportivo ou a piscina semi-olímpica (25 metros).

A piscina construída tem apenas 20 metros e não pode receber competições por não atender os padrões oficiais. Além disso, está com rachaduras e não tem instalações para o escoamento. Após a filtragem, a água era despejada na rua e causava alagamentos. Por causa disso a escola recebeu uma notificação da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SEMA) e, sem recursos para efetuar a obra, teve de suspender o uso.

A escola também tem problemas de rachaduras nas paredes, desabamento de teto e falta de lugar para as aulas de Educação Física. As aulas são dadas de maneira inadequada, no gramado na frente da escola. Os alunos ficam expostos ao sol e, quando chove, ficam sem aulas.

Jardim Europa
A situação é ainda pior na escola estadual Carlos Pereira, no Jardim Europa. A construção da quadra poliesportiva teve licitação aprovada há quatro anos. As obras até começaram, mas só foi feita a cobertura da obra. Neste ano foi contratada uma outra empreiteira para terminar a obra, porém, só fizeram o piso de cimento de abandonaram a obra, alegando que o dinheiro acabou.

Empreiteiras contratadas pela Seduc não concluem obras e pioram situaçãoA direção da escola enviou alguns ofícios cobrando da Secretaria de Estado de Educação (Seduc) o término da obra. A Seduc informou que o repasse das obras foi feito à empreiteira mas não obtiveram nenhuma solução.

A escola está com o teto desabando, cheio de cupim. Os funcionários revelaram que recentemente parte do teto caiu sobre a cabeça de uma criança e provocou ferimentos.

A rede elétrica também precisa ser substituída por uma nova, já que não suporta a instalação dos aparelhos de ar-condicionado adquiridos pelo Estado.

"Nós não temos espaço na cozinha para preparar a merenda, não tem refeitório, o telhado precisa ser trocado, os banheiros estão quebrados. Não temos, por exemplo, espaço para atender os alunos que precisam de aulas do apoio. Ficamos improvisando", destacou a coordenadora Patrícia Karina Barbosa.

Para a presidente da subsede do Sintep Maria Celma, a expectativa é que esses problemas possam ser solucionados para impedir danos maiores às crianças e jovens de Mato Grosso.

"Do jeito que estão, as escolas não oferecem atrativos aos alunos e isso aumenta a evasão escolar. É preciso que o governo faça o que tem que ser feito", afirmou.