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Doação de leite ajuda a salvar quase dois milhões de recém-nascidos

Toda mulher que amamenta é uma possível doadora de leite materno

por GazetaMT

21 de Maio de 2018, 08h43

  Doação de leite ajuda a salvar quase dois milhões de recém-nascidos
Doação de leite ajuda a salvar quase dois milhões de recém-nascidos

As estratégias utilizadas pelo Brasil no estabelecimento e ampliação dos Bancos de Leite Humano, bem como as estratégias de doação do leite materno, são iniciativas pioneiras no mundo. Até 2016 foi possível ajudar a salvar mais de um milhão e oitocentos mil recém-nascidos. O leite materno é o melhor alimento para bebês até os dois anos de idade, favorecendo o crescimento e desenvolvimento adequado. Em alguns casos, a criança nasce prematura e a mãe não consegue amamentar, mas mesmo a criança que fica internada precisa desse leite para se recuperar, e essa é a maior importância da doação de leite materno: ajudar a dar a vida para outros bebês.

Assim aconteceu com Gisele Bortolini, que teve complicações na gestação e, por isso, a filha Helena precisou nascer prematura. Durante a internação Gisele não teve leite suficiente para amamentar e precisou da ajuda dos bancos de leite.

"É muito difícil ser mãe de um bebê que fica na UTI, é uma uta diária pela vida e você aprende a viver o presente, o dia de hoje. E depois de um tempo eu não consegui ordenhar tudo que ela precisava, eu continuei ordenhando e o que eu não conseguia ordenhar eu tive apoio do banco de leite. Então as mães que doaram leite ajudaram a recuperar a Helena em uma fase tão crucial da vida dela", explica Bortolini.

A pequena Helena teve ajuda de pessoas como a professora Suzi Machado, que começou a doar leite humano quando a filha Laura nasceu há dois meses. "Tem muitas crianças que precisam. Eu tive a Laura em uma casa de parto, que é mais natural, e lá pude ver algumas mães que não conseguiram amamentar. Foi aí que vi a importância de doar, então acaba que a gente que tem muito leite precisa ajudar quem não tem", defende.

Os Bancos de Leites Humano (BLHs) do Brasil, foram desenvolvidos pelo Ministério da Saúde e entre os anos de 2009 e 2016, contou com o apoio de mais de um milhão e trezentas mil mulheres doadoras e, aproximadamente, um milhão e meio de litros de leite coletados.

O Brasil possui a maior e mais complexa rede de banco de leite do mundo. Hoje, existem no país 219 BLH em todos os estados e Distrito Federal, e 196 Postos de Coleta, além da coleta domiciliar. Antes de ser distribuído, todo leite coletado nos bancos passa por um rigoroso controle de qualidade e é fornecido de acordo com as necessidades de cada criança.

"Primeiro a gente precisa conscientizar que o leite que a mãe tira não vai faltar para o seu bebê. Segundo, que qualquer quantidade é suficiente. Às vezes as mães podem pensar que meio pote é pouco e por isso não vale a pena doar. Mas um pote pode alimentar até dez crianças", esclarece Miriam Santos, integrante da Comissão Nacional do Banco de Leite Humano.
O que é preciso para doar

Toda mulher que amamenta é uma possível doadora de leite materno, basta estar saudável e não estar tomando nenhum medicamento que interfira na amamentação. Quem quiser doar, pode procurar o banco de leite humano mais próximo ou ligar para o Disque Saúde, pelo número de telefone 136.

Para a coleta, a doadora deve lavar bem as mãos e os braços, até o cotovelo, com bastante água e sabão, cobrir os cabelos com lenço ou touca e usar um pano ou máscara sobre o nariz e a boca. As mamas devem ser lavadas apenas com água e, em seguida, secas com toalha limpa. A coleta deve ser feita em local limpo e tranquilo. O leite extraído para doação pode ficar no freezer ou no congelador da geladeira por até 10 dias. Nesse período, deverá ser transportado ao banco de leite humano mais próximo.