CAMINHONEIROS

“Nova greve não é cogitada, nem descartada”, diz fonte de MT

Carreata nacional marcada para o dia 30 cobra que Governo cumpra acordos firmados em 2018

por De Rondonópolis - Robson Morais

26 de Março de 2019, 11h00

“Nova greve não é cogitada, nem descartada”, diz fonte de MT
“Nova greve não é cogitada, nem descartada”, diz fonte de MT

Segundo repassado por uma fonte à reportagem do GazetaMT, por parte dos caminhoneiros autônomos em Mato Grosso não está descartada a possibilidade de uma nova greve dos caminhoneiros em 2019. A categoria cobra que o atual Governo cumpra as medidas acordadas junto aos trabalhadores em 2018, ainda nos tempos do ex-presidente Michel Temer -MDB. Entre os pontos estão o tabelamento mínimo do frete e o preço do óleo diesel.

Nas redes sociais, caminhoneiros de todo o Brasil se organizam para uma carreata já no próximo dia 30. A partir daí, dependerá da equipe de Jair Bolsonaro -PSL os rumos do protesto. "Neste momento, uma nova greve não está sendo cogitada. Mas também não vamos descartar", disse a fonte. "A tabela de frete não vem sendo cumprida pelas transportadoras, as empresas não cumprem o que foi acordado. O óleo diesel já subiu de novo".

Segundo o jornal paulista O Estado de São Paulo, as primeiras mobilizações dos caminhoneiros já estão sendo monitoradas pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI), que tem por missão se antecipar aos fatos para evitar problemas para o governo. A ideia é evitar, a todo custo, que qualquer tipo de paralisação aconteça. Não quer, nem de longe, imaginar que pode enfrentar o mesmo problema que parou o país por 11 dias no ano passado.

"Massa de manobra"

A pedido, a fonte será mantida em sigilo pela reportagem. O primeiro motivo: "Nos foi recomendado que ficássemos com um pé atrás. Neste momento não seria o melhor a exposição. Pelo que nós sabemos, a mobilização também está sendo acompanhada pela Abin (Agência Brasileira de Inteligência)", explica.

O segundo motivo seria um possível movimento paralelo arquitetado com cunho político por entidades como a Central Única dos Trabalhadores -CUT. Com pauta focada na derrubada da Reforma da Previdência proposta pelo atual governo, o movimento deverá se articular infiltrado em grandes manifestações. "Também ficamos receosos com a possibilidade da CUT fazer uso político, usando os caminhoneiros como massa de manobra. Em 2018, na reta final do movimento isso aconteceu e deu no que deu. Nenhum trabalhador quer derrubar governo nenhum, não tem intuito de derrubar proposta nenhuma. O que a gente quer é que seja cumprido o que já conquistamos", argumenta. "Problema é que quando a CUT se mete, ela faz o barulho pra depois tirar o corpo. Quem fica com os processos é a categoria".

Nacional

Os primeiros dados são de que, neste momento, o movimento não tem a mesma força percebida no ano passado, mas há temor de que os caminhoneiros possam se fortalecer e cheguem ao potencial explosivo da última greve. Dentro do Palácio, o objetivo é ser mais ágil e efetivo e não deixar a situação sair de controle por ficarem titubeando sobre o assunto, como aconteceu com o ex-presidente Michel Temer, no ano passado.

Na semana passada, Wallace Landim, o Chorão, presidente das associações Abrava e BrasCoop, que representam a classe de caminhoneiros, teve reunião com o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni. Chorão também teve encontro com a diretoria da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e, ontem, se reuniu com o secretário executivo do Ministério da Infraestrutura, Marcelo Sampaio.

Segundo Landim, os ministros disseram que, até a próxima semana, o próprio presidente Jair Bolsonaro deve se manifestar sobre os pedidos dos caminhoneiros. Na pauta de reivindicações da classe estão três pleitos. O primeiro pedido diz respeito ao piso mínimo da tabela de frete. Os caminhoneiros reclamam que as empresas têm descumprido o pagamento do valor mínimo e cobram uma fiscalização mais ostensiva da ANTT. A agência, segundo Landim, prometeu mais ações e declarou que já fez mais de 400 autuações contra empresas.

O segundo item da pauta é o preço do óleo diesel. Os caminhoneiros querem que o governo estabeleça algum mecanismo para que o aumento dos combustíveis, que se baseia em dólar, seja feito só uma vez por mês, e não mais diariamente.

Wallace Landim afirma que não é a favor de uma paralisação no próximo dia 30, porque acredita que o governo tem buscado soluções, mas diz que "o tempo é curto" e as mudanças estão demorando. "Não acredito que deva ocorrer greve no dia 30, mas paralisações não estão descartadas. Estamos conversando."

Por meio de nota, o Ministério de Infraestrutura declarou que, no Fórum dos Transportadores Rodoviários de Cargas realizado ontem, esteve reunido com lideranças do setor e ouviu as demandas. O governo confirmou que tratou do piso mínimo, pontos de paradas e descanso e o preço do óleo diesel.