CASO RODRIGO CLARO

Atestados mantém Ledur fora das mãos da Justiça; família Claro não desiste

Rodrigo Claro morreu no dia 15 de novembro de 2016, após ter sido submetido a uma sequência de afogamentos durante treinamento no CB.

por Cuiabá, MT - Daffiny Delgado

13 de Novembro de 2018, 15h55

Atestados mantém Ledur fora das mãos da Justiça; família Claro não desiste
Atestados mantém Ledur fora das mãos da Justiça; família Claro não desiste

Reprodução

Há quase dois anos a família Claro começou a sua luta contra os desmandos e práticas de tortura, muitas vezes, aplicados nos treinamentos militares no Estado.

Essa luta por Justiça teve início após a morte de Rodrigo Patrício Lima Claro, de 21 anos, quando não resistiu em uma das etapas do curso de formação do Corpo de Bombeiros de Mato Grosso.

Rodrigo perdeu sua vida no dia 15 de novembro de 2016, cinco dias após a realização de uma prova de travessia, na Lagoa Trevisan, em Cuiabá.

Para o pai, Antonio Claro, que é tenente do Corpo de Bombeiros, a corporação era sua segunda casa, hoje é um motivo de vergonha e desprezo. “Eu entreguei o meu filho para a corporação que sirvo e eles me devolveram morto. Hoje eu não consigo nem chegar perto da minha farda”, declarou Antonio.

O caso começo quando Rodrigo, passou a apresentar dificuldades no desempenho das atividades aquáticas, passou a ser, supostamente, perseguido pela instrutora da modalidade e tenente Izadora Ledur.

De acordo com relatos de testemunhas, Rodrigo já estava no final da prova, quando passou a se queixar de fortes dores de cabeça. Sem forças para continuar, o jovem passou a ser ajudado por um colega de prova.

Isso teria sido visto com maus olhos pela tenente, momento onde teria passado a castigá-lo com os chamados “caldos”, sequência de afogamentos no meio da lagoa. Ainda conforme testemunhas, Rodrigo chegou a pedir para desistir da prova, pois não aguentava mais.

No entanto, Ledur teria o obrigado a continuar a prova, onde os castigos contra Rodrigo continuaram até o fim.

Exausto e passando mal, o jovem pegou sua motocicleta e procurou ajuda no hospital. Cinco dias após ficar internado e passar por cirurgias, Rodrigo morreu.

Apesar do sofrimento e da falta que o filho faz a seus pais, familiares e amigos, Jane Claro e seu esposo lutam incansavelmente por Justiça.

"Esses 2 anos não têm sido fáceis, mas estamos tentando conviver da melhor forma possível com este vazio que ficou depois da partida dele. Não iremos desistir, nossa luta é para que outros jovens também não sejam tirados dos seus sonhos, como Rodrigo foi", lamentou Jane.

Ledur se encontra afastada das atividades na corporação, devido a inúmeros atestados médicos apresentados pela defesa da oficial, que alega apresentar depressão.

A tenente responde pelo crime na Justiça Militar onde foi apontada pelo Ministério Público do Estado (MPE), por práticas de tortura.  Um Conselho de Justificação, também foi aberto dentro do Corpo de Bombeiros para apurar a conduta da tenente.

Apesar dos processos, a impunidade ainda é um medo estampado nos olhos dos pais de Rodrigo. "A gente esbarra todo dia nas leis que favorecem bandidos. Não tem uma lei que favorece família e vítimas. A gente espera que acabe tudo isso logo para conseguirmos viver um pouco também", declarou mãe de Rodrigo.

Caso a conduta dela seja considerada irregular e fora dos padrões militares, ela poderá ser exonerada.