CASO SCHEIFER

MPE requer documento que cita desavença entre vítima e cabo morto

Procedimento foi arquivado por comandante do Bope à época, que alega não lembrar do fato.

por GazetaMT

17 de Abril de 2019, 12h35

MPE requer documento que cita desavença entre vítima e cabo morto
MPE requer documento que cita desavença entre vítima e cabo morto

O Ministério Público do Estado de Mato Grosso requereu ao Poder Judiciário que determine ao Comando do Batalhão de Operações Especiais (BOPE) a remessa integral do procedimento instaurado pelo 2º Tenente PM Carlos Henrique Paschiotto Scheifer, assassinado em maio de 2017, contra o cabo da PM Lucélio Gomes Jacinto, denunciado como um dos autores do referido homicídio. A manifestação foi juntada ao processo nesta terça-feira (16).

De acordo com o promotor de Justiça Allan Sidney do Ó Souza, informações divulgadas pela imprensa revelam que dois dias antes do crime, o Ten PM Carlos Henrique Paschiotto Scheifer comunicou aos seus superiores sobre a instauração de procedimento administrativo contra o cabo da PM Lucélio Gomes Jacinto. Ainda conforme a imprensa, dias depois o procedimento foi arquivado pelo então comandante do Bope, Tenente Cel PM José Nildo Silva de Oliveira.

“O episódio é absolutamente relevante à elucidação dos fatos, relativo à existência de procedimento administrativo instaurado pela vítima em desfavor do acusado CB PM Lucélio Jacinto, datado de 11/05/2017 (dois dias antes da trágica morte), inclusive, com aparente determinação de arquivamento pela testemunha Ten Cel Pm José Nildo Silva de Oliveira”, disse o promotor no pedido.

Em depoimento prestado à Justiça no dia 11 de abril, no entanto, José Nildo Silva de Oliveira negou ter conhecimento de qualquer desavença entre o tenente morto e dos demais integrantes da equipe.

Para o Ministério Público, a existência de procedimento administrativo instaurado pela vítima em desfavor do acusado CB PM Lucélio Gomes Jacinto,  inclusive com aparente determinação de arquivamento pela testemunha TEN CEL PM José Nildo Silva de Oliveira, é absolutamente relevante à elucidação dos fatos.

Morte de Scheifer

No mesmo dia, durante diligência realizada no local do primeiro confronto com os ocupantes dos veículos, o tenente Scheifer foi atingido por um disparo na região abdominal.

Inicialmente, conforme o Ministério Público, os colegas de farda sustentaram que a vítima havia sido atingida por disparo feito por um assaltante não identificado, que estaria em meio à mata, do outro lado da rodovia.

Após a realização do laudo pericial, ficou comprovado que o projétil alojado no corpo do tenente partiu de um fuzil portado pelo cabo Lucélio Jacinto. 

“Somente após a balística descortinar que o disparo que atingira mortalmente o Ten Scheifer ter saído da arma de fogo portada pelo denunciado CB PM Jacinto, que então mudando a versão de outrora, ele alegou ter se equivocado da pessoa do Ten Scheifer com a do suspeito”, afirmou o promotor de Justiça.

Segundo ele, nenhuma das versões apresentadas pelo autor dos disparo foi plausível.

“A vítima foi atacada frontalmente (o denunciado afirmara que ela estava de costas) e, em posição de descanso (quando não há perigo pela frente), embora o acusado assevere que o ofendido se apresentava em posição de tiro 'vietnamita' (uma forma de posição de ataque)”, sustentou.