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Privatização de aeroportos inicia fase do “Brasil à venda”

por GazetaMT

16 de Março de 2017, 14h00

Privatização de aeroportos inicia fase do “Brasil à venda”
Privatização de aeroportos inicia fase do “Brasil à venda”

Quando o poeta baiano Raul Seixa compôs 'Aluga-se', em parceria com Cláudio Roberto Andrade de Azevedo, estava fazendo dura crítica ao movimento apelidado de "Entreguismo". No início da década de 80 não era exagero a frase "a solução é alugar o Brasil". Anos depois, dias atuais, a tônica retorna e parece, como nunca, se fazer presente.

Nesta quinta-feira, 16, quatro grandes aeroportos foram leiloados pelo Governo brasileiro. Todas as empresas vencedoras são estrangeiras: a alemã Fraport agora possui a concessão dos aeroportos de Porto Alegre-RS e Fortaleza- CE, enquanto a francesa Vinci passa a ser detentora ao aeroporto de Salvador -BA e a suíça Zurick se torna dona do aeroporto de Florianópolis -SC.

Estratégicos e de grande fluxo, antes administrados pela Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária - Infreaero. Esta, bem verdade, nunca cuidou a contento dos espaços. Por isso, pelo cultural descaso com a coisa pública, a privatização sempre rondou as administrações dos aeroportos. Ganhou força recente com o atual governo Temer, adepto à negociação com empresas estrangeiras mergulhadas em dinheiro. Ficou fácil.

Em defesa da privatização, os argumentos vão desde economia e desafogo ao governo, até a geração de receita à União por conta da venda de concessão dos aeroportos. A quem costuma viajar, provável que haja melhoria em estrutura, maior controle de fluxo e horários de vôos, etc. Nada mais que obrigação de cada uma das empresas agora detentoras.  

Mais importante que isso, porém, é o processo que se desencadeia. O Governo mostra a que veio. Melhor que cuidar do que é seu é se livrar e jogar a bucha. Fez com aeroportos, fará com outros mais. Em suas devidas porporções, é o que fizera em São Paulo, há anos, o PSDB. O apelido é simpático: Privataria.

Por trás de cada privatização, um Brasil que mostra não ter capacidade para cuidar do que é seu. Um país que necessita de socorro estrangeiro, de empresas ricas que cheguem e tomem de assalto, com aval e contrato assinado pelos incompetentes gestores nativos.

Temer comemora: "Sucesso o leilão dos aeroportos de Fortaleza, Porto Alegre, Salvador e Florianópolis. Reconquistamos credibilidade no cenário internacional". Credibilidade a troco de quê? Esta é a pergunta que deve ser feita. Outra, ainda: Qual será a próxima entrega de bandeja?

O Brasil está à venda. Esta imensa loja atacadista nas mãos do bando "Maluco Beleza".