CONFORME A VALSA

No embalo dos bastidores de Brasília, dançamos ingênuos

por GazetaMT

12 de Dezembro de 2016, 09h36

No embalo dos bastidores de Brasília, dançamos ingênuos
No embalo dos bastidores de Brasília, dançamos ingênuos

Caro leitor, nos desculpe, mas, nas próximas linhas Buxixo terá que pegar um tanto mais pesado que o de costume. A culpa, acredite, não é nossa. É de Brasília. Esta tal culpa, amigos, é desta composição medonha dos Poderes, que usou o povo e agora ri com todos os dentes -e dentaduras- de suas velhas bocas murchas. Estamos assistindo o colher de frutos da nossa própria e imensa ingenuidade.

Na última sexta-feira (9), o ex-diretor de relações institucionais da empreiteira Odebrecht teve sua delação prestada à Polícia Federal (PF) vazada à imprensa. Nela, detalhes de um esquema montado a partir de um setor da empresa especificamente destinado ao repasse de propina a cabeças políticas em troca de contratos e emendas. Dos beneficiários, os nomes vão do presidente cassado da Câmara Eduardo Cunha ao atual presidente da República Michel Temer. Cúpula do PMDB com lama até o pescoço.

E onde está a nossa já citada reles e mortal e ingenuidade? Já explicaremos. Antes, porém, mais alguns fatos noticiados há pouco. Na noite do último domingo (11), Temer convocou uma reunião emergencial com os membros do Governo. Publicamente, reforça que nenhuma delação fora, ainda, homologada e confirmada. Ter o nome citado em 82 páginas, entretanto, parece mesmo tê-lo preocupado.

Agora sim, vamos à parte que nos toca. Ingênuos é pouco. Não faz muito tempo, as ruas seguiam tomadas por um recém-nascido e pulsante ímpeto democrático. Em verde e amarelo pedimos o fim da corrupção, a queda dos poderes que à época estavam instalados em Brasília. Escolhemos o partido vilão e o detonamos. Achamos estar contribuindo com um Brasil politicamente mais decente. Achamos...

Fomos, em verdade, enganados. Fomos usados. A corrupção, caros amigos, nunca esteve somente em um único partido. Esteve e está, sim, na política como um todo. É generalizada e envolve das mais modestas às mais gigantes siglas. Contaminou as bancadas, o Senado e o Congresso, e comandou o mais fantasioso dos processos políticos do país.

Assistimos, à época, vimos de fora pensando estar dentro. Jamais estivemos. Em Brasília, acabar com corrupção é mau negócio, é prejuízo. Sempre soubemos e agora sabemos ainda mais.

Talvez seja tarde. Estamos de parabéns.