CONSELHO DA MULHER

Perseguição a ex-presidente pode ter como alvo seu marido

Ela foi eleita em julho de 2018 - bem no começo da campanha - e não conseguiu tomar posse oficialmente

por Rondonópolis, MT - Estevan de Melo

14 de Setembro de 2019, 07h00

Perseguição a ex-presidente pode ter como alvo seu marido
Perseguição a ex-presidente pode ter como alvo seu marido

Katiene Correia dá entrevista como presidente do Conselho da Mulher em dezembro de 2018. (Foto: reprodução)A perseguição política em Rondonópolis sobre Katiene Salomão Correia, ex-presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher, pode ter um outro alvo: seu marido, Valdir Correia, que foi candidato a deputado estadual pelo Solidariedade nas últimas eleições, mesmo partido do atual prefeito. Ela foi eleita em julho de 2018 - bem no começo da campanha - e não conseguiu tomar posse oficialmente e nem ter sua diretoria homologada pela Prefeitura.

Um dos motivos da ignorância do prefeito pela eleição de Katiene e a consequente negativa de sua posse, pode ter sido o fato dela ter discordado da forma como José Carlos Junqueira de Araújo - que prefere ser chamado de Zé do Pátio - conduziu o processo político e eleitoral em Rondonópolis, principalmente em relação a candidatura de Valdir Correia.

É que o prefeito incentivou e turbinou um racha dentro do próprio Solidariedade entre simpatizantes de Valdir Correia e de Erlan Pereira, diminuindo as chances reais do primeiro em se eleger deputado estadual. Avesso em formar novas lideranças, o prefeito manobrou para o partido não eleger ninguém no âmbito local e ele continuar sendo uma espécie de "soberano", agindo para que ninguém tenha luz própria a seu lado.Valdir Correia (e) com Zé do Pátio e Paulinho da Força, em evento do solidariedade em 2018. (Foto: reprodução)

Uma mostra da ardilosidade do prefeito, conforme apontou um militante do SD, foi o fato dele ter incentivado a candidatura de Erlan a poucos dias da convenção, contrastando com todo trabalho feito por Valdir Correia em todo o Estado. No município, ele confiou no prefeito para cuidar de sua candidatura, mas seu gesto foi como colocar lobo para cuidar de ovelhas. Além de lançar outro, o prefeito praticamente liberou os vereadores e servidores comissionados trabalharem para outras candidaturas, inclusive de outros partidos.

REAÇÃO DE KATIENE

Ao perceber a manobra, Katiene - que foi uma das mais fiéis candidatas a vereadora ao lado de Pátio em 2016 - saiu em defesa de seu marido e cobrou do prefeito apoio efetivo para Valdir Correia chegar à Assembleia. A maior cobrança foi durante evento em Rondonópolis, quando Pátio menosprezou a inteligência da militância e promoveu uma caminhada conjunta dos dois candidatos do partido e que concorriam ao mesmo cargo. E ainda, usando o mesmo aparelho de som com tempo desigual para Valdir Correia.

A partir desse "enfrentamento" - processo que Pátio gosta de fazer com os outros, mas não admite que façam com ele - a falta de apoio do prefeito para Valdir Correia ficou ainda mais explícita. Uma mostra foi o fato do coordenador da campanha de Valdir colocado pelo prefeito ter provocado uma crise com Katiene há 15 dias do pleito, desestabilizando a estratégia de campanha e provocando fissuras irreparáveis para sua eleição à Assembleia. Ou seja, praticamente implodiu (impacto por dentro) sua candidatura.

Outro fator observado por analistas é que a perseguição sofrida por Katiene no Conselho da Mulher foi, na verdade, a repetição de um filme. É que, no segundo semestre de 2017, ela foi "fritada" quando colocada na diretoria financeira da Coder, mas o prefeito não liberava dinheiro para pagamento de trabalhadores e fornecedores. Resultado: ela teve que deixar o cargo por falta do apoio que, aliás, ela sempre deu ao prefeito e seu grupo.

No Conselho, no segundo semestre de 2018 a história se repete. Katiene se elege presidente, realiza ações, mas Pátio não formalizou sua eleição e nem homologou sua diretoria. Assim como na Coder, ela se viu obrigado a renunciar do cargo.

Em conversa com um reconhecido paisagista e especialista em jardinagem, este comparou o estilo do atual prefeito rondonopolitano a uma flor carnívora, predadora, que não deixa as demais plantas ao seu redor desabrocharem. Se fosse para dar um nome a esta variedade botânica, ele não titubeou em denominar como "Flor Soberana".