CONSEQUÊNCIAS
Após operação “Carne Fraca” países importadores anunciam restrições
Para Acrimat, próximos dias são fundamentais para a cadeia produtiva da carne brasileira e mato-grossense
20 de Março de 2017, 17h11
Os desdobramentos da operação “Carne Fraca” da Polícia Federal, na última sexta-feira,17, que trouxe à tona o lado obscuro dos principais grupos frigoríficos do país, começaram a surgir nesta segunda-feira, 20. A Comunidade Europeia, China, Coreia do Sul e Chile, já anunciaram restrições em caráter temporário à entrada de carne brasileira. O Mato Grosso como principal criador de rebanho bovino, aguarda com apreensão os reflexos da crise da carne.
Para o presidente da Associação dos Criadores de Mato Grosso - Acrimat, Marco Túlio Duarte Soares, o momento de expectativa é como o mercado externo vai reagir. “Estes três dias são de avaliação, mas de positivo foi o recado dado pelo presidente da república e o ministro da Agricultura, mostrando que o governo está preocupado e tomando medidas para apurar as denúncias. Outra ação importante do governo foi uma reunião com os embaixadores dos principais países importadores da carne brasileira, uma forma de tranquiliza-los”, comentou.
Sobre o impacto negativo à imagem da carne brasileira, Marco Túlio traça um cenário desfavorável em um primeiro momento. “É muito ruim para o Brasil, o que pode haver é uma retração das exportações o que acarretará em um maior volume de carne no mercado interno e não temos capacidade de absorver este volume. Com isso, o preço tende a cair trazendo prejuízos para o criador brasileiro”, analisou.
O Mato Grosso não foi citado na operação, mas como 18% das carnes brasileiras exportadas em 2016, têm origem no Estado, os reflexos da crise podem chegar em solo mato-grossense. “Atingiu toda a cadeia, estes três dias, repito, serão cruciais para o agronegócio brasileiro, o que esperamos é que os responsáveis, tanto funcionários públicos, quanto executivos destas empresas sejam punidos”, disse Marco Túlio.
Até o momento, a Comunidade Europeia pediu que o Brasil suspenda a exportação de produtos das empresas envolvidas; na China, as carnes brasileiras estão retidas nos portos; a Coreia do Sul baniu frangos da BRF, a empresa diz que não foi notificada; na América do Sul, o Chile suspendeu temporariamente a importação de carnes. Os três primeiros correspondem a 27% das exportações de carnes em 2016.