CRISE

Economia ruim leva mais de 3 mil empresas a fecharem as portas em Mato Grosso

Números são da pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviço e Turismo

por GazetaMT

26 de Fevereiro de 2017, 07h00

Economia ruim leva mais de 3 mil empresas a fecharem as portas em Mato Grosso
Economia ruim leva mais de 3 mil empresas a fecharem as portas em Mato Grosso

Mais de 3,3 mil empresas fecharam as portas em Mato Grosso durante o ano de 2016, segundo pesquisa divulgada pelaConfederação Nacional do Comércio de Bens, Serviço e Turismo (CNC). O número é ainda maior do que o registrado em 2015, quando 2,2 mil empresas encerraram as atividades no estado.

Em todo o país, a crise resultou em 108,7 mil lojas fechadas, sendo este o pior resultado desde o inícios dos levantamentos feitos pela CNC, em 2005. Na avaliação da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Mato Grosso (Fecomercio-MT), o número de lojas fechadas no estado é reflexo da crise que assolou a economia do país.

Segundo o presidente da entidade, Hermes da Cunha, o comércio foi um dos setores mais "castigados" pela crise e que motivou o encerramento das atividades de milhares de lojas no estado, em 2016, foi a inflação elevada, impulsionada pela instabilidade política vivida no país.

"A economia de Mato Grosso sentiu os impactos da crise como qualquer outro estado. Sabemos que Mato Grosso tem características diferenciadas de grandes centros como São Paulo e Rio de Janeiro. Como por aqui o carro-chefe é o agronegócio, os efeitos da crise demoraram mais para aparecer. Mas eles surgiram e o fechamento de tantas lojas é resultado disso", afirmou.

Segmentos afetados

A pesquisa da CNC aponta que os segmentos que lideraram os encerramentos em todo o país foram os de hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-34,8 mil lojas), seguido pelas lojas de vestuário, calçados e acessórios (-20,6 mil), lojas de materiais de construção (-11,5 mil) e lojas de artigos de uso pessoal e doméstico, eletroeletrônicos, joalherias, óticas e utilidades domésticas (-10,5 mil).

Conforme a pesquisa, de uma forma geral, os segmentos foram severamente atingidos pelo encarecimento do crédito tanto para os consumidores como para a obtenção de capital de giro nos últimos anos, sendo que este último se trata de uma linha fundamental para a aquisição de estoques e demais despesas operacionais do varejo.

Na avaliação da Fecomercio, o sistema tributário de Mato Grosso "atrapalha mais do que ajuda" e é preciso que se estabeleça um sistema "que incentive os empresários a crescer".

"O sucesso ou fracasso dos comerciantes de Mato Grosso depende da maneira em que esse nosso sistema tributário será implantado. A guerra fiscal que existe hoje, faz com que empresários de outros estados vendam em Mato Grosso e lucrem muito mais do que as empresas que são daqui. Tudo por conta de uma legislação que não beneficia as empresas regionais", criticou Hermes da Cunha.

Projeção

Conforme a pesquisa nacional, o ano de 2017 deve ser de recuperação, apesar do resultado negativo deste ano. Isso devido ao ritmo de fechamento de pontos de venda ter diminuído no segundo semestre do ano passado e a previsão de inflação menor, além da esperada queda nas taxas de juros aos consumidores e empresários do varejo.

A projeção da Fecomercio também é otimista. De acordo com Hermes da Cunha, os estudos preveem uma inflação de 4,8% este ano - menos da metade do registrado em 2016 (11%) - e os comerciantes já tomaram todas as medidas necessárias para reduzir os custos, como o enxugamento no quadro de colaboradores.