DEU LULA

Em depoimento, ex-presidente não se encolheu frente ao juiz Sergio Moro

por GazetaMT

11 de Maio de 2017, 10h36

Em depoimento, ex-presidente não se encolheu frente ao juiz Sergio Moro
Em depoimento, ex-presidente não se encolheu frente ao juiz Sergio Moro

Conversa em Curitiba:

Lula:

- "Documento de 2004? Quem assinou isso?"

Moro:

- "Não, não. Este não tem assinatura"

Lula:

- "Então, doutor... Eu não sei"

Moro:

- "Mas por que este documento estava no apartamento?"

Lula:

- "Talvez quem me acusa possa lhe dar uma reposta"

 

...

O diálogo acima foi extraído do depoimento de quase cinco horas prestado ontem, 10, pelo ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, ao juiz federal Sérgio Moro. Resume bem o que foi o rito processual, indevidamente transformado em espetáculo político pouco antes do início (amenizado, porém). Lula, como se esperava, chegou preparado. Moro, como se sabia, tentou encurralar.

Iniciado o depoimento pelo referido trecho extraído. O primeiro assunto foi o tal tríplex do Guarujá, litoral de São Paulo. Lula tinha conhecimento do imóvel? Possuía cota participativa junto à OAS? Desistiu da compra? Moro, daí pra fentre,  foi repetitivo.

Tinha em mãos o depoimento prestado por Lula quando da condução coercitiva orquestrada em São Paulo. Refez perguntas em busca da contradição do ex-presidente. O nome da ex-primeira-dama Marisa Letícia foi excessivamente citado.

Ao lado de Lula, também munidos estavam seus advogados. Testaram, por vezes, a frieza do juiz federal. O termo utilizado acima, "repetitivo", fora usado também pela defesa na cara do magistrado. Contiveram ânimos ambos, seguiu-se o rito.

A fim de encurtar a ópera, das considerações de Buxixo, Lula venceu a batalha. Nas "provas" de Moro, o que se viu foi inconsistência: documentos não assinados, datas e planilhas perdidas. Outro trecho:

...

Moro:

- "O senhor era presidente, sabia que Youssef praticava corrupção na Petrobrás?

Lula:

- "Nem eu, nem o senhor, nem a polícia federal, nem o ministério público, nem a imprensa, nem a Petrobras."

Moro:

- "Mas eu? eu não sei porque o senhor está trazendo o meu nome, o senhor é quem era presidente da república."

Lula:

- "Foi o senhor quem soltou o Youssef".

...

Para fechar esta sessão, mantendo a habitual coragem de opinar, Buxixo se reserva ao direito de encerrar com a análise do colega jornalista Eduardo Ramos, ex-comandante desta.

"Sou da geração que viu a escandalosa fraude da Rede Globo na edição do debate entre Lula e Collor. Desde então, sempre que posso prefiro ver os fatos na fonte, na íntegra, e só depois assistir às reportagens e análises feitas a mando dos barões da mídia. Fiz isso ontem. Ignorei o Jornal Nacional e fui assistir no Youtube todo o depoimento de Lula ao juiz Sérgio Moro. Fui dormir depois das duas horas da manhã, mas valeu a pena. Minhas 'convicções' foram comprovadas. Moro e os procuradores da República não têm prova alguma do envolvimento de Lula nos casos tratados daquele processo. Apresentaram, a pretexto de provas, planilhas sem assinaturas, listas feitas por delatores que já se declararam corruptos (e mesmo assim foram soltos por Moro), e muito disse-que-disse. Acabaram, ao final, levando um 'pito' do Réu. Lula disse que esperava chegar lá e ver provas cabais das acusações feitas contra ele e achou estranho Moro ter dado sequência ao processo baseado apenas em ilações. Não votei em Dilma e Temer. Já disse que não vejo problemas em prisões baseadas em fatos concretos - independente de quem seja o réu. Mas acho um absurdo o uso do aparato Judicial com o objetivo claro de massacrar um desafeto político. Lula deu goleada na 'República de Curitiba'. Acho até que o Conselho Nacional do Ministério Público deveria tomar providências para evitar que este órgão tão importante para o País continue sendo constrangido pelo ódio cego e partidário dos procuradores de Curitiba. Não sei se o depoimento terá poder para influenciar Sérgio Moro. Mas, certamente, ampliará o apoio a Lula entre os brasileiros".