doador compatível

Transplante de medula óssea beneficia tratamento de 80 doenças

O transplante permite substituir as células doentes por células-tronco o que pode possibilitar maior tempo de vida ao paciente

por GazetaMT

02 de Abril de 2018, 09h11

Transplante de medula óssea beneficia tratamento de 80 doenças
Transplante de medula óssea beneficia tratamento de 80 doenças

De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o transplante de medula óssea pode beneficiar o tratamento de cerca de 80 doenças em diferentes estágios e faixas etárias. A farmacêutica Maria Olívia Zanetti lembra que, além das células-tronco da medula óssea, hoje também tem sido possível realizar esse procedimento a partir das células de sangue periférico e do cordão umbilical. Essas são alternativas de tratamento quando a terapia convencional não tem sido efetiva no caso de enfermidades como, por exemplo, a leucemia, tipo de câncer no sangue que começa na medula óssea.

O transplante permite substituir as células doentes por células-tronco do doador e normalizar a produção dos elementos do sangue, o que pode possibilitar maior tempo de vida ao paciente. "O Transplante é indicado para vários tipos de neoplasias hematológicas, como leucemias crônicas ou agudas, síndromes mieolodisplásicas, mieloma múltiplo e linfomas. Algumas doenças não neoplásicas também têm sido tratadas com sucesso pelo transplante de células tronco, como por exemplo, anemia aplásica severa, anemia de falciforme, anemia falciforme, as hemoglobinopatias e as doenças autoimunes".

De acordo com a especialista, um dos maiores problemas hoje é encontrar um doador compatível para realizar o procedimento. O doador ideal - como um irmão compatível - só está disponível em cerca de 25% das famílias brasileiras. Com isso, em 75% dos casos é preciso encontrar um doador alternativo a partir dos registros de doadores voluntários, bancos de cordão umbilical e parentes parcialmente compatíveis. "Então, se houver compatibilidade, o doador é convocado para fazer uma doação. A chance de encontrar uma medula com alguém que não é da família é em média de uma em cem mil. Se a doação for das células da medula, o procedimento é feito em centro cirúrgico e sob anestesia geral e requer internação".

Maria Olívia ressalta a importância da atuação do farmacêutico na equipe responsável pelo transplante. Esse é o tema do doutorado dela no Centro de Pesquisa em Assistência Farmacêutica e Farmácia Clínica da Universidade de São Paulo. Esse profissional pode atuar com a equipe multiprofissional para promover a segurança do paciente e contribuirá para o sucesso do procedimento. Ele irá detectar, prevenir e resolver problemas relacionados ao uso de medicamentos.

"O gerenciamento do regime farmacoterapêutico dos pacientes submetidos ao transplante de células tronco é muito complexo. Envolvendo, por exemplo, quimioterápicos, anti-heméticos, analgésicos, antifúngicos, antivirais, antibacterianos, imunossupressores e anti-hipertensivos. Com o surgimento de quimioterapias menos severas e melhorias nas terapias adjuvante, incluindo os novos antimicrobianos, a taxa de transplantes bem sucedidos aumentou. Dessa forma, o transplante está sendo realizado em pacientes com idades cada vez mais avançada e com presença de outras doenças, consequentemente eles usam um número ainda maior de medicamentos".

Para ser doador voluntário de medula óssea é preciso ter entre 18 e 55 anos de idade. Não ter doenças infecciosas, incapacitantes, hematológicas, neoplásicas ou imunológicas. O cadastro de doador voluntário pode ser feito nos hemocentros localizados em vários cantos do País. Na ocasião o doador preenche uma ficha e recolhe uma pequena quantidade de sangue para a realização dos exames de compatibilidade

Maria Olívia lembra que, nos primeiros três dias após a doação, o doador pode ter um desconforto localizado, manejado com uso de analgésicos. Normalmente os doadores retornam às suas rotinas depois de uma semana do procedimento.