DOM AQUINO

Agricultor familiar comercializa dois mil quilos de borracha por mês

O produtor Leandro Bozzobom consegue uma receita bruta anual por hectare de R$ 6.720,00 com a cultura da seringueira

por Rondonópolis, MT - Sirlei Alves / com assessoria Empaer/MT

02 de Abril de 2019, 15h30

Agricultor familiar comercializa dois mil quilos de borracha por mês
Agricultor familiar comercializa dois mil quilos de borracha por mês

Produtividade média anual de 3.200 quilos de CVP (Cernambi Virgem Prensado) por hectare/ano. (Foto: divulgação Empaer/MT)Com uma produção estimada em 1.536 toneladas de borracha por ano, o município de Dom Aquino (166 km ao Sul de Cuiabá), possui uma área plantada de 480 hectares de seringueira. O engenheiro agrônomo da Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer), José Rodrigues de Souza fala que a produção está em torno de oito quilos de borracha natural por árvore ao ano, número considerado excelente em comparação com outras regiões que chegam a quatro quilos de borracha.

O engenheiro agrônomo destaca que o município possui terras férteis e a produção de CVP (Cernambi Virgem Prensado) de seringueira chega a 3.200 quilos por hectare ao ano. A cultura constitui uma fonte de renda para os agricultores da região. A planta é perene, com exploração econômica por mais de 35 anos, de acordo com os tratos culturais realizados.

Alem do mais, a cultura da seringueira se comporta muito bem em consórcio com outras culturas de ciclo curto ou semi perene, tais como: arroz, milho, feijão, palmito, café, banana e outras. Conforme Rodrigues, a exploração da seringueira gera emprego o ano inteiro, fixa o trabalhador no campo, exige pouco esforço físico e proporciona boa remuneração da mão de obra.

O desafio do cultivo da seringueira é a queda no preço, visto que hoje é comercializada por R$ 2,10 o quilo/borracha. O engenheiro da Empaer esclarece que em outros anos a borracha já chegou a ser comercializada por R$ 4,10 o quilo. O município possui 15 produtores que cultivam a seringueira. "Os seringais poderão ser formados dentro dos padrões modernos de exploração, tornando-os competitivos e rentáveis economicamente", enfatiza.

Mesmo com a queda nos preços, os agricultores contam com uma linha de crédito do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf Eco), com prazo de 20 anos para pagamento e oito anos de carência, o que oferece condições para o cultivo da seringueira na agricultura familiar. O Programa possui limite de crédito de até R$ 80 mil por agricultor com direito a financiar R$ 15 mil por hectare, permitindo o cultivo de 5,3 hectares. Essa linha de crédito é um olicitação antiga dos Estados de Mato Grosso, Goiás, Acre e Tocantins.

O produtor rural Leandro Pozzobom Flores, proprietário do Sítio Santa Lúcia, possui uma área de 40 hectares, das quais 22 hectares são plantados com a cultura da seringueira.  O plantio foi realizado com o clone RRIM 600, validado pela Empaer e recomendado por ser produtivo e mais resistente à doença Microciclus ullei, que causa perda das folhas das árvores. As árvores já estão em sangria, numa área de 10 hectares e no segundo ano de corte, com a produtividade média anual de 3.200 quilos de CVP (Cernambi Virgem Prensado) por hectare ao ano.

Segundo o produtor Leandro, a seringueira constitui uma alternativa de renda para o pequeno produtor, pois mesmo com preço de mercado muito baixo, consegue uma receita bruta anual por hectare de R$ 6.720,00. Há mais de 16 anos trabalhando na atividade, o produtor comercializa durante 10 meses de produção (setembro a junho). A cada 30 dias, vende em média dois mil quilos de borracha para uma empresa do Estado de São Paulo, que retira o produto na propriedade. "Hoje estou satisfeito com o cultivo, tenho lucro e comercializo toda a produção", enfatiza.