“DR. BUM BUM”

Defesa apresenta novo laudo particular sobre morte de cuiabana

Lilian Calixto saiu de Cuiabá para realizar procedimento no Rio de Janeiro. Ela acabou morrendo após complicações

por GazetaMT

15 de Janeiro de 2019, 16h28

Defesa apresenta novo laudo particular sobre morte de cuiabana
Defesa apresenta novo laudo particular sobre morte de cuiabana

Um laudo elaborado a pedido da defesa de Denis Cesar Barros Furtado, o Doutor Bumbum, sobre a morte da bancária Lilian Quezia Calixto de Lima Jamberci, de 46 anos, será anexado ao processo do caso. De acordo com o documento, assinado pelo perito Leví Inimá de Miranda e obtido pelo jornal Extra, Lilian foi vítima de um "infarto miocárdico agudo", sem relação com a aplicação de PMMA - um derivado de acrílico - nos glúteos feita pelo médico um dia antes da morte. A reportagem é do jornal O Globo.

Lilian saiu de Cuiabá para fazer o procedimento estético com Denis em uma cobertura na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, em julho do ano passado. Um dia depois do aplicação, ela passou mal e foi levada para o hospital pelo próprio médico, onde morreu horas depois, após quatro paradas cardiorespiratórias. O laudo de necropsia produzido pelo IML atestou que a causa da morte havia sido uma embolia pulmonar. Doutor Bumbum foi preso no dia 19 de julho e responde pelo crime de homicídio qualificado.

No laudo produzido a pedido da defesa, que será anexado ao processo, Inimá alega que o diagnóstico de embolia pulmonar é "errado e precipitado". Com base num exame de sangue e num eletrocardiograma realizados na paciente, o perito afirma que "restou caracterizado um infarto miocárdico agudo. E esse infarto jamais foi visto, detectado e diagnosticado. Com os diagnósticos eletrocardiográfico e enzimático, a senhora Lilian tinha de ter sido encaminhada, de imediato, ao Laboratório de Hemodinâmica, para submetê-la a uma angioplastia coronariana. Porém, ela ficou o tempo todo em uma sala da Emergência".

Ainda segundo o perito, que será assistente de defesa no processo, "o infarto miocárdico agudo não tem nexo de causalidade com o implante do PMMA em região glútea. Assim, a paciente morreu naquela emergência sem diagnóstico e sem qualquer tratamento para o infarto miocárdico agudo". Além de Doutor Bumbum, são réus no processo pelo homicídio a médica Maria de Fátima Barros Furtado, mãe do Dênis, a secretária e namorada dele, Renata Fernandes Cirne, e sua empregada doméstica, Rosilane Pereira da Silva.

No entanto, em agosto do ano passado, um laudo do Instituto Médico-Legal (IML) do Rio indicou que a causa da more da bancária Lilian Calixto teria sido embolia pulmonar - quando o fluxo sanguíneo do pulmão é interrompido, porém é inconclusivo. O perito usou o termo "embolia em chuveiro", porque havia micro partículas espalhadas pelo pulmão, impedindo a oxigenação do sangue. O laudo, porém, era inconclusivo.

Antes de ser preso, o médico fez um vídeo, que postou em suas redes sociais, para dizer que as acusações de que ele não é médico e que não era habilitado para realizar o procedimento são "injustiças".

"Boa tarde senhores. Como todo mundo sabe, aconteceu uma fatalidade, mas uma fatalidade acontece com qualquer médico", disse Denis.

Com contas em diversos sites para a divulgação dos resultados de procedimentos estéticos, Denis é conhecido como Doutor Bumbum nas redes sociais, que já é seguido por quase um milhão de intenautas. Só no Instagram, por exemplo, eram mais de 600 mil seguidores. No Facebook, cerca de 50 mil, entre as páginas pessoais e profissionais, e 1,5 mil inscritos no Youtube.

Em meios a posts de dicas de beleza, alimentação e procedimentos estéticos, como a bioplastia - carro-chefe de Denis - o médico publica os famosos "antes e depois" das cirurgias e procedimentos. O médico diz em uma postagem que o apelido "Doutor Bumbum" foi criado pelas próprias pacientes.

"O apelido carinhoso #DrBumbum criado pelas pacientes é uma brincadeira que me dá muita alegria e certeza de reconhecimento de meu trabalho como médico capacitado em bioplastia! Gratidão a todos!" escreveu, o médico.

Antes da captura do médico Denis César Barros Furtado, e de sua mãe, Maria de Fátima Barros Furtado, o Disque-Denúncia ofereceu uma recompensa de R$ 1 mil sobre informações que levassem à prisão dos dois. Um cartaz com os rostos da dupla chegou a ser divulgado.

Titular da 16ª DP (Barra da Tijuca), a delegada Adriana Belém, informou à época que o médico tem oito anotações criminais, uma delas por homicídio em 1997, além de porte ilegal de arma, crime contra administração pública, exercício arbitrário das próprias razões, ameaça, violação de domicílio e duas por resistência à prisão.