EM SÃO PAULO

Médicos operam intestino com malformação de feto ainda na barriga da mãe

por GazetaMT

18 de Junho de 2019, 08h13

Médicos operam intestino com malformação de feto ainda na barriga da mãe
Médicos operam intestino com malformação de feto ainda na barriga da mãe

Médicos de três instituições operaram o intestino de um feto com malformação congênita ainda na barriga da mãe no Hospital da Criança e Maternidade (HCM), em São José do Rio Preto (SP). O procedimento, que foi realizado nesta segunda-feira (17), foi pioneiro no mundo, segundo os especialistas.

De acordo com o hospital, participaram da cirurgia médicos do Hospital da Criança e Maternidade de Rio Preto, do Hospital Albert Einstein, de São Paulo, da Universidade de Taubaté e do Hospital de Baia Blanca, da Argentina.

Segundo a assessoria da unidade, o bebê operado está com 33 semanas de gestação e possuía gastrosquise, que é uma abertura nos músculos e na pele da parede abdominal que permite que o intestino fique para fora do abdômen.

De acordo com a cirurgiã fetal Denise Araújo Lapa, a cirurgia foi inédita porque até então o paciente era operado logo após o nascimento. Contudo, a grande diferença é que os especialistas submeteram o feto ao procedimento ainda dentro do útero da mãe, fato que diminuí riscos e complicações.

“O Brasil está em primeiro lugar. Fomos os pioneiros a fazer esse procedimento que há muito tempo estão tentando realizar. Nunca imaginei fazer algo assim. Um pesquisador com uma boa ideia e patrocinado faz coisas inexplicáveis no Brasil”, afirma Denise.

Segundo o médico Gregório Lorenzo, especialista em medicina fetal, a mãe da criança, de 26 anos, mora em São José dos Campos (SP) e o procurou para falar sobre a doença que a criança tinha.

“Eu sugeri que eles viessem para cá por uma questão de qualidade e especialidade. Com a vinda deles, percebemos que poderíamos fazer a abordagem antes do nascimento. Então, os pais concordaram com a cirurgia sabendo dos benefícios que isso poderia acarretar”, afirma.

Cirurgia

Os médicos precisaram de 1h40 para realizar o procedimento, que é minimamente invasivo. Durante o procedimento, quatro pequenas incisões foram feitas na barriga da mãe, por onde introduziram os instrumentos que permitem ver o interior do útero e corrigir a má formação.

Segundo os profissionais, uma das grandes vantagens é o fato do bebê nascer sadio, o que permite mamar imediatamente no seio da mãe e ter alta hospitalar em dois ou três dias.

Ainda de acordo com os médicos, já o bebê que se submete a uma cirurgia de correção da gastrosquise após o nascimento tem as alças intestinais inflamadas, o que o impede de mamar. Consequentemente, ele precisa permanecer, em média, 30 dias internado, recebendo nutrição parenteral.

“Os benefícios são imensuráveis. Quando pensamos na possibilidade do bebe nascer e na sala de parto poder mamar, poder ter o trânsito intestinal funcionando normalmente e poder ir para casa em dois ou três dias, isso não tem preço. O procedimento minimiza a dor, os riscos de infecção e o gasto financeiro”, diz o cirurgião Rodrigo Tadeu Russo Gonçalves.

O estado da saúde da mãe é estável. Ela deve permanecer em observação até receber alta.