EXPORTAÇÃO

Maggi ouve de embaixador chinês que problema com açúcar e aves será resolvido

Ministro manifestou também preocupação com a guerra comercial dos chineses com os EUA

por GazetaMT

10 de Setembro de 2018, 14h16

Maggi ouve de embaixador chinês que problema com açúcar e aves será resolvido
Maggi ouve de embaixador chinês que problema com açúcar e aves será resolvido

Problemas com o Brasil relativos ao açúcar e à carne de aves serão resolvidos até o fim do ano de acordo com o embaixador do país no Brasil, Li Jinzhang. "Estamos buscando uma solução racional e assertiva que seja boa para ambos os lados", afirmou em resposta a comentários do ministro Blairo Maggi (Agricultura, Pecuária e Abastecimento) sobre a sobretaxa imposta a esses produtos brasileiros, durante o 1º Seminário Brasil-China realizado em São Paulo, nesta quinta-feira (6).

"Todas as vezes em que fui à China, tive encontros com meus contrapartes, com todos aqueles que são responsáveis pela compra de produtos, pela autorização, pelas negociações ministeriais. E percebemos que o mercado é muito regulado para proteger os produtores locais", disse o ministro.

Maggi lembrou que, neste ano, a China aplicou salvaguarda ao açúcar brasileiro. "Nós exportávamos US$ 500 milhões, no ano 2000, para aquele país. Neste ano, cerca de US$ 30 bilhões. A China fez uma proteção e nos afastou. Tanto é que estamos propondo uma painel na OMC (Organização Mundial do Comércio) para discutir isso. Não achamos justa a atitude. Também, na área de frangos, a China colocou um imposto de 16% a 36%. Na medida em que você ganha mercado na China, precisamos aumentar a produção. Então, esses freios, essas paradas, atrapalham muito os negócios. Cooperativas, produtores, todos ficam muito receosos em investir se, logo ali na frente, vem uma atitude por parte do governo chinês e faz com que os produtores fiquem em dificuldades".

O ministro disse ser "entusiasmado" com o mercado chinês, mas que é preciso ter cuidado. "Não podemos ampliar muito a nossa base de produção pensando nesse mercado".

Outra preocupação, segundo ele, outra preocupação é a guerra comercial da China e Estados Unidos. "As empresas chinesas saem do mercado de soja de Chicago. E, com isso, não há movimentação e os preços caem. Saímos de 11 dólares para 8,6, 8.5 dólares. Torço para que logo esse assunto se resolva para que o mercado se regule, que a lei da oferta e da procura passe a valer".

Como uma das consequências, o preço da ração de soja no Brasil ficou mais caro. Ele observou que "os chineses pagam um prêmio para levar soja brasileira. A soja americana no mercado mundial é mais barata do que a brasileira e o preço da ração dos produtores de aves, de suínos e de bovinos nos Estados Unidos, também fica mais barato. Os EUA são concorrentes em boa parte do mundo, tanto em ração, como em cargas e, também com o farelo e óleo para consumo ou biodiesel. Num primeiro momento parece que a gente ganha, que estamos vendendo soja mais cara. Mas quando a gente faz a conta não chegou no patamar que estava em Chicago quando começou essa confusão comercial".

Nesse ambiente, afirmou, o Brasil corre o risco de perder espaço para a soja na Europa (farelo e óleo), e ainda de aves, suínos e bovinos, além de outros mercados para onde são exportados.

Ampliar mercado

"Mas apesar das minhas reclamações, quero deixar claro que queremos ampliar os negócios com a China, desejamos e temos necessidade, porque o Brasil é um país que tem potencial muito grande na agricultura. É um mercado grande e que interessa ao Brasil. Não só a China, mas a Ásia como um todo. Estamos muito entusiasmados com a região e, ao olharmos o que tem acontecido nos últimos anos, vemos que os dados são muito animadores"

Em entrevista após o evento, ao ser questionado por barreiras criada pela Comunidade Europeia ao frango brasileiro, disse que todas as providências foram tomadas, "criando um ambiente novo para representar as empresas, representar a volta aquele mercado".

Em relação ao embrago russo à carne suína e bovina, comentou que aguarda solução para "qualquer momento". Observou ter sido feito tudo o que caberia. "Estamos caminhando bem rapidamente nesse sentido (reabertura). Há 10 anos, a Rússia reclamava a abertura do mercado brasileiro de trigo, de peixes e de carne bovina. Nós fizemos todas as concessões. Inclusive já chegou ao mercado brasileiro trigo russo, já houve uma descarga, já chegaram peixes, só não chegou carne bovina. Então, nós cumprimos com tudo que tem sido solicitado".