fim da parceria

Alunos e pais lamentam encerramento das atividades da Orquestra Sinfônica Jovem de Rondonópolis

Uma das justificativas do Município para o encerramento do convênio seria o custo elevado.

por GazetaMT

21 de Maio de 2017, 07h10

Alunos e pais lamentam encerramento das atividades da Orquestra Sinfônica Jovem de Rondonópolis
Alunos e pais lamentam encerramento das atividades da Orquestra Sinfônica Jovem de Rondonópolis

O que era para ser mais um dia de ensaio da Orquestra Sinfônica Jovem foi na verdade o último encontro do projeto desenvolvido há cerca de dois anos em Rondonópolis em parceria com o Instituto Ciranda, organização sem fins lucrativos que tem a sede em Cuiabá. Na noite da última quinta-feira (18) o maestro Murilo Alves se reuniu com alunos e pais, no auditório do Centro Cultural José Sobrinho, para comunicar que a Prefeitura decidiu encerrar o convênio da orquestra que atende mais de 350 crianças, distribuídas nos polos das escolas municipais:  Professora Gildázia de Sousa, Firmício Alves Barreto e no Centro Cultural José Sobrinho. Entre os alunos e os pais o sentimento era de muita tristeza e indignação. 

"É muito triste ter que entregar este instrumento que tanto gosto de tocar. É como se estivesse tirando uma parte mim", afirmou Matheus Felipe (11) ao fazer a entrega da flauta transversal, cedida em comodato pelo município, que tocava na Orquestra. Já para a colega Thalita (13 anos), que toca violino a palavra que resume este momento é decepção. "Sinto muita alegria em tocar. Então, estou muito decepcionada com o que está acontecendo. Não estão vendo o valor que este projeto tem para nós", reclamou.

O pai de Matheus, Silvano Castro, lamentou a decisão da prefeitura. "A gente fica muito triste, porque eles aprendem e é uma ocupação. Fica triste também porque não estão dando o devido valor à cultura. Orquestra não se monta da noite para o dia. Uma pena, pois estão tirando o dinheiro daqui para colocar em outro lugar. É um prejuízo para nossa cidade", pontuou Castro, acrescentando que após integrar a orquestra seu filho melhorou as notas na escola e a disciplina.

Outro pai, que não quis se identificar, disse que não consegue entender a decisão da prefeitura e que está indignado. "Gastou todo o dinheiro do convênio do projeto da orquestra para este ano em três dias de Carnaval. É muito triste, em casa estamos todos indignados. É ruim ver as crianças tomarem gosto pela música, aprender a tocar e de repente tirarem isso deles. Fica um gosto amargo", frisou. 

Iniciada em meados de 2014, por meio do convênio da Prefeitura com o Instituto, a Orquestra Sinfônica Jovem chegou até a se apresentar junto ao renomado cantor Ivan Lins em comemoração ao aniversário de Rondonópolis. De acordo com o maestro Murilo Alves, buscou-se de todas as formas manter os trabalhos desenvolvidos na cidade. Mas que, infelizmente, na semana passada, a Prefeitura informou que não tem condições e nem interesse em renovar o convênio.

"Lutamos muito para manter o convênio. Desde o início do ano temos buscado o diálogo com a prefeitura, inclusive fazendo as adequações no projeto que nos foram solicitadas", disse o maestro, informando que, enquanto discutia com a equipe da prefeitura a continuidade e o custeio da orquestra, as aulas e os ensaios foram retomados no início do ano em respeito aos alunos e a comunidade de Rondonópolis que abraçaram o projeto.

"Desde fevereiro nós retomamos as aulas, dentro das nossas condições, com reduções de professores, no intuito de sensibilizar o Poder Público sobre o tipo de trabalho que fazemos, o que é desenvolvido e quais são os ganhos sociais, humanos e culturais para quem participa do projeto e para a população da cidade. No entanto, recebemos a informação por parte da Secretaria de Governo que a posição oficial do Município era de que o convênio não continuaria", disse. "Por isso, foi pedido o rompimento oficial do convênio".

Uma das justificativas do Município para o encerramento do convênio seria o custo elevado. "Qualquer órgão fiscalizador pode confirmar para a Prefeitura que os custos para manter o projeto por meio do convênio são absolutamente menores por criança, do que se elas estivessem em aulas particulares, por exemplo. Além disso, o Instituto traz toda a estrutura, professores... Já pensou se a Prefeitura tivesse que contratar um professor para cada instrumento e um ainda um maestro? Então, essa informação de que o projeto é caro não faz o menor sentido", explicou Murilo.

Iniciativa Privada

Com as portas fechadas na prefeitura, Alves disse que agora a esperança para que a Orquestra Sinfônica Jovem continue em Rondonópolis, mesmo que não seja nos moldes e nas dimensões que funcionou por meio do convênio com município. "Não podemos simplesmente encerrar um projeto como esse. A nossa esperança é a iniciativa privada", destacou, revelando que o Instituto Ciranda inscreveu o projeto no Ministério da Cultura, que foi aprovado e está apto a captar recursos via Lei Rouanet.

"Com isso, as empresas da cidade que declaram o lucro real no Imposto de Renda podem doar 4% do valor a ser pago para o Projeto, e depois deduzir do IR. Nós pedimos que quem se interessar procure o Instituto Ciranda, que tem 14 anos de existência e atua em sete cidades", informou o maestro. 

"A orquestra está transformando a vida das crianças e jovens participantes, além de contribuir para o crescimento cultural da cidade. Então, precisamos que as empresas se sensibilizem e colaborem através de leis de incentivo cultural", conclamou Silvano. O telefone para contato do Instituto Ciranda é o (65) 3623-1239 ou (65) 98402-9723.