Greve na Educação

Presidente da AL diz que governo pode pagar aumento para professores

Para Botelho, o Governo arrecadou impostos suficiente este ano para conceder o reajuste de 7,69% pedido pelos grevistas

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11 de Julho de 2019, 07h54

Presidente da AL diz que governo pode pagar aumento para professores
Presidente da AL diz que governo pode pagar aumento para professores

Depois de procurado pelos professores da rede estadual de ensino, em greve desde o dia 27 de maior, o presidente da Assembleia Legislativa, Eduardo Botelho (DEM), resolveu entrar na briga e de cara já declarou que o Governo do Estado tem sim condições de pagar o reajuste reivindicado pelos professores e determinado pela lei estadual 510/2013. Para Botelho, o Governo arrecadou impostos suficiente este ano para conceder o reajuste de 7,69% pedido pelos grevistas e sugeriu que isso seja feito em três vezes.

O presidente do Legislativo estadual encaminhou um ofício ao governador assinado por 18 deputados estaduais em que sugere ao governador Mauro Mendes (DEM) que conceda o aumento de forma parcelada em três vezes, sendo 2,6% na folha salarial de agosto, mais 2,6% na folha de novembro e 2,49% de reajuste na folha de fevereiro de 2020, o que totalizaria os 7,69% de aumento cobrado pelos professores e previstos na lei 510/2013, que prevê a dobra do poder de compra dos professores até o ano de 2013.

A sugestão de Botelho foi formatada após os deputados se reunirem com representantes do Sindicato dos Trabalhadores do Ensino Público (Sintep) e é embasado em números da arrecadação estadual. Segundo o presidente da AL, o Estado teve incremento de R$ 224,5 milhões na receita por meio do ICMS no primeiro quadrimestre de 2019, quando comparado ao mesmo período de 2018. Ele continua afirmando que nos primeiros quatro meses deste ano, segundo o presidente do Legislativo, houve aumento de R$ 268,2 milhões nas receitas estaduais, em relação à previsão orçamentária inicial, por meio do Fundo Estadual de Transporte e Habitação (Fethab).

Os professores da rede estadual de ensino estão em greve desde o dia 27 de maior e cobram, entre outros pontos, o reajuste de 7.69% previstos na lei 510/2013 Outro item da Receita estadual citado por Botelho é o Auxílio Financeiro de Fomento às Exportações (Fex), que foi incluído nos cálculos da Receita Corrente Líquida Estadual e que também poderiam ser usados para conceder o reajuste e colocar fim há greve dos professores, que já completam 44 dias. O fim de algumas renúncias fiscais e o consequente reforço no caixa do Estado a partir do início do ano que vem também foi citado por Botelho. "Diante do exposto, coloco este gabinete da Presidência à disposição de Vossa Excelência, ao tempo que reitero votos de elevada estima e consideração", disse o presidente da AL no documento enviado ao governo.

A intenção do Legislativo ao deixar claro que o Governo do Estado tem condições financeiras de pagar o reajuste cobrado pelos servidores da Educação tem o objetivo claro de pôr um fim à greve, e contraria o discurso do governador, que tem afirmado sempre que não teria condições de conceder o reajuste.

Ainda não há nenhuma resposta por parte do Governo até o momento, mas esse posicionamento dos deputados pode dar um novo rumo às negociações e pode forçar o Governo a recuar de sua posição intransigente em não conceder o reajuste, assim como dar um novo ânimo ao movimento dos professores, que já vinha perdendo força nos últimos dias, devido principalmente à longa duração da greve e ao corte nos pagamentos dos trabalhadores.

Hoje, o Sintep reunirá o seu Conselho de Representantes e amanhã (12), os professores devem se reunir em nova assembleia geral para analisar o movimento e a proposta apresentada pelo Governo na última segunda-feira (8) de pagar os dias descontados do pagamento dos grevistas em duas vezes e se reunir a cada quatro meses, a partir de setembro, para analisar juntos as contas do Governo, que concederia o reajuste assim que as contas estaduais estiverem mais equilibradas.