Irajá Lacerda

Licenciamentos ambientais travam desenvolvimento de MT

por Irajá Lacerda

13 de Agosto de 2019, 16h10

Licenciamentos ambientais travam desenvolvimento de MT
Licenciamentos ambientais travam desenvolvimento de MT

Criado para equilibrar a atividade econômica e o meio ambiente, o licenciamento ambiental tornou-se um entrave devido ao excesso de burocracia e morosidade das análises. De responsabilidade da Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema), os licenciamentos são obrigatórios para empreendimentos de diversas áreas, como energia, agropecuária e mineração.

 

Como se não bastasse uma série de exigências, por meio de portarias, resoluções e decretos, existe, ainda, outro fator que causa grande impacto na lentidão dos processos: a ação dos órgãos intervenientes. Muitas vezes, em um mesmo processo, ocorrem intervenções do Ministério Público e de ONG´s, criando barreiras que travam o desenvolvimento do estado.

 

É certo que o desenvolvimento deve ocorrer de forma sustentável. A administração pública deve garantir proteção ao meio ambiente, mas isso não deve ser empecilho para que realmente haja o desenvolvimento, caso contrário o estado entra em um processo de estagnação.

 

Sem as devidas licenças, os empreendimentos ficam inviabilizados e, consequentemente, o estado deixa de arrecadar e de investir em setores essenciais à população, como saúde e segurança. Os órgãos intervenientes deveriam ter um caráter consultivo para simplificar e não "emperrar" o processo, como tem ocorrido com frequência.

 

Comparando Mato Grosso com outros estados, é notória a discrepância das legislações. Mato Grosso do Sul, por exemplo, que inclusive, detém cerca de 70% de todo o Pantanal, possui uma legislação muito mais branda. O mesmo ocorre no Rio Grande do Sul, que realiza as análises de forma muito mais ágil e flexível.

 

As hidrelétricas, que aqui enfrentam uma série de entraves burocráticos, em outros entes federados recebem até "mutirão" para licenciar projetos. Ou seja, o governo precisa perceber essas distorções e ter uma visão empreendedora, enfrentar as adversidades para fazer o estado progredir.

 

É necessário que os órgãos envolvidos estabeleçam uma força-tarefa. A classe política brasileira tem se atentado para isso e, desde junho, está discutindo a nova Lei Geral do Licenciamento Ambiental. O objetivo é debater uma legislação ampla para evitar que obras de interesse estratégico sejam inviabilizadas judicialmente ou travadas em razão de divergências ideológicas.

 

Esse direcionamento em nível nacional é extremamente relevante, principalmente para estados brasileiros que precisam rever seus níveis de exigência, pois terão como base uma legislação mais clara e eficiente, que proporcione segurança jurídica e possibilite desenvolvimento sustentável sem prejudicar o desenvolvimento econômico e social de toda a nação.

 

Irajá Lacerda é advogado e presidente da Comissão de Direito Agrário da OAB-MT, presidiu a Câmara Setorial Temática de Regularização Fundiária da AL/MT - e-mail: irajá[email protected]