LIVRE MERCADO, DEPUTADO?

Barbudo entra na briga contra pauta liberal de Paulo Guedes

por GazetaMT

14 de Fevereiro de 2019, 15h00

Barbudo entra na briga contra pauta liberal de Paulo Guedes
Barbudo entra na briga contra pauta liberal de Paulo Guedes

O deputado federal mato-grossense Nelson Barbudo faz jus ao jeitão PSL. Membro da Frente Parlamentar da Agricultura -FPA, entrou na luta contra um dos mais prestigiados ministros do governo Bolsonaro: Paulo Guedes.

O guru da Economia quis abrir o país à importação do leite europeu e acabou abatido por fogo amigo. Ocorre que, contra a equipe econômica do próprio governo a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, bateu duro e contou com apoio da FPA. O presidente da FPA é o deputado Alceu Moreira -MDB/RS.

Guedes sempre defendeu a pauta liberal e fora por isso ovacionado pelo presidente da República, seu partido e demais candidatos, inclusive Barbudo. Na semana passada, Guedes extinguiu o antidumping, taxa que mantém a produção nacional com custo mais baixo da importada afim de proteger o mercado interno da importação mais barata. Com isso, leite de países como a Nova Zelândia poderia entrar no Brasil. 

No fim, com Guedes derrotado, o governo, que não pode aplicar novamente a taxa, deve baixar medida provisória que aumenta o Imposto de Importação sobre leite integral, em pó e desnatado oriundo da União Europeia e da Nova Zelândia. A taxação deverá chegar a 42,8%, considerando a tarifa atual, de 28%, e uma sobretaxa de 14,8%.  

Barbudo se põe em defesa do produtor. É justo. Mas, e o livre mercado, senhor deputado? A autorregulação? A tal mão invisível e outras tantas teorias direitistas?.. Ao menos agora deve estar aprendendo algo, para além de vídeos falastrões na internet.

A turma de Bolsonaro novamente se contradiz. Cara do governo como um todo. Diria Shakespeare nos dias de hoje: "Entre laranjal, twitter e milícia, há muito mais do que sonha a nossa vã filosofia".

EM TEMPO: Em entrevista ao jornal Correio Braziliense, o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil -AEB, José Augusto de Castro, avaliou que o governo perdeu a oportunidade de colocar em prática o discurso de livre mercado que levou ao Fórum Econômico Mundial em janeiro. "A taxa antidumping, permitida pela OMC (Organização Mundial do Comércio), era válida, mas, caso fosse identificada uma vantagem indevida em termos de concorrência comercial. O Brasil não possui produtividade elevada no setor de leite, sendo que 90% dos produtores são de pequeno porte. Era uma iniciativa de livre mercado e um gesto de boa vontade para com a UE e a Nova Zelândia", disse. Também ao jornal, um diplomata da União Europeia criticou as idas e vindas do Palácio do Planalto.