O corpo de Luciano do Valle, que morreu em Uberlândia na tarde deste sábado, é velado agora na Câmara dos Vereadores de Campinas, cidade em que nasceu e iniciou a trajetória profissional. Amigos, colegas de trabalho, familiares e fãs do locutor, uma das vozes mais importantes da história da televisão brasileira, aproveitaram para prestar a última homenagem pela manhã. A esposa Flávia, com quem morava em Campinas havia dez anos, revelou o maior sonho da carreira do marido: a cobertura dos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro.

Um dos mais emocionados foi o ex-jogador Neto, companheiro de Luciano do Valle nas transmissões da TV Bandeirantes há 12 anos. O comentarista, que também fez história em Campinas com a camisa do Guarani, ficou longos minutos em pé ao lado do caixão olhando para o amigo e chorou bastante. Depois, foi consolado por colegas e familiares do locutor.

- Eu não perco só um companheiro. Perco uma pessoa que me ajudou a ser o comentarista que sou hoje. O legado que ele deixa para nós é imenso. Ele foi um visionário. Infelizmente, teve que morrer para as pessoas entenderem a força dele. Ele não sabia o amor e respeito que as pessoas tinham por ele - afirmou o craque.Os familiares de Luciano do Valle também estão presentes no velório. Todos emocionados, ficam em um espaço reservado para não serem perturbados. A esposa, Flávia, conversou rapidamente com os jornalistas e revelou um sonho frustrado do marido.

- As Olimpíadas eram o maior sonho dele. Ele estava muito focado na Copa, porque sabia que ia ser um trabalho muito diferente, mas estava radiante por causa das Olimpíadas. Ele promoveu tantos esportes no país, tanta gente que ele colocou para cima. Ele foi tão visionário e corajoso de colocar esses projetos no ar. É o que ficou faltando, a cobertura dos Jogos - disse a viúva.

Além de Neto, outros companheiros de trabalho também foram a Campinas para se despedir de Luciano do Valle. Emocionados, elegeram momentos de destaque na grande carreira do locutor.- A gente conviveu bastante. O Luciano começou um pouco antes de mim, uns três ou quatro anos, mas ele fazia parte da minha turma. Ele foi para um lado, eu fui para outro. Só comecei a narrar futebol em 1982, e o Luciano já fazia desde os anos 80. Era uma referência. Aquela narração do gol do Zico (contra a Iugoslávia, antes da Copa do Mundo de 1986) é de arrepiar - explicou o narrador Oliveira Andrade.

Os fãs também marcam presença, ainda em pequeno número pela manhã. Mesmo sem nenhum tipo de parentesco, essas pessoas decidiram ir à câmara para se despedir de Luciano do Valle. Profissionais da imprensa que trabalharam com ele também estão no local, uma prova da grande admiração que todos tinham com ele.

- Ele sempre foi muito disposto a ensinar. Quem colasse do lado dele e pedisse uma força, ele fazia. Muitos profissionais chegavam para ele e perguntavam: 'Como eu devo narrar um gol?'. Ele dizia: 'Com o coração' - afirmou Flávia do Valle.

Aberto ao público, o velório do locutor campineiro de 66 anos segue até o fim da tarde, quando o corpo será levado ao Cemitério Parque Flamboyant, local escolhido pela família para o enterro. Luciano do Valle morreu após sentir-se mal durante um voo para Minas Gerais, de onde transmitiria a partida entre Atlético-MG e Corinthians, pela primeira rodada do Campeonato Brasileiro.

Com Globo Esporte.com