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Conselho Tutelar vira "divã" de famílias rondonopolitanas

Com quase mil atendimentos em 2016, conflito familiar é líder de ocorrências

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04 de Maio de 2016, 15h32

Conselho Tutelar vira "divã" de famílias rondonopolitanas
Conselho Tutelar vira "divã" de famílias rondonopolitanas

A principal função do Conselho Tutelar de Rondonópolis tem sido o de mediador das famílias segundo dados apresentados sobre os atendimentos do primeiro quadrimestre de 2016. Dos 939 atendimentos realizados, 213 foram voltados aos conflitos familiares. O Conselho neste caso, realiza a orientação dos pais, que buscam no órgão uma forma de superar os problemas de relacionamento com seus filhos.

Conforme a conselheira e coordenadora, Adriana Ferreira a convivência entre as famílias tem terminado nas salas do conselho, principalmente devido as relações desajustadas, agravadas em sua maioria pelas dissoluções dos casamentos. "É um momento difícil para os menores. Vemos que as famílias estão largando as crianças e os adolescentes. As famílias estão transferindo o papel e a responsabilidade para as escolas e para os Conselhos também. Cada um tem seu papel", reclama a conselheira.

Quando os conflitos chegam ao órgão, a primeira medida é ouvir os pais e os filhos para tentar esboçar um diagnóstico que, em algumas situações, pode indicar a existência de problemas mais graves, como maus-tratos e abusos sexuais no ambiente doméstico. 

Dependendo do caso, os encaminhamentos são realizados às instâncias competentes, que podem ser desde os serviços da rede de assistência e saúde municipal até o Poder Judiciário.

Dentre os dados apresentados estão em primeiro lugar como já citado os conflitos familiares, depois agressões psicológicas (136 casos), maus tratos e negligencia (121 casos), violência sexual (89 casos), requisição de vagas nas creches (75), lesão corporal (72 casos), usuário de droga lícita (38), evasão escolar (33), usuário de drogas ilícitas (31), requisição de vaga escolar (29). Os conselheiros ainda realizaram atendimentos de orientação como palestras, visitas e atendimentos em bares e Lan Houses.

Denúncias

Para a coordenadora, os casos de violência sexual tem tido um aumento significativo nos últimos meses, sendo de dois a três ocorrências por semana. Segundo ela, os menores de 12 anos são a maioria das vítimas e os agressores são geralmente genitores e padrastos.

"As pessoas ainda tem medo de denunciar. As escolas e as creches são nossos parceiros, principalmente quanto a violência física. Muitos casos são de acolhimento, outros apenas notificamos ou acompanhamos a família. Pelo tamanho da população as denúncias ainda são poucas. Não conseguimos trabalhar na prevenção por que não dá tempo, nosso efetivo é limitado, somos uma equipe pequena. Temos um projeto pronto, mas que falta ser aprovado pelo Legislativo. Estamos aguardando, um terceiro Conselho que seria destinado para a Vila Salmen e com certeza cobriria melhor os atendimentos.

Mesmo sabendo que muitas pessoas tem medo de realizar as denúncias, Adriana afirma que a identidade do denunciante é preservada e que o anonimato é totalmente garantido. Para realizar as denúncias basta ligar para os telefone 3411-5177/ 34115052 ou no disque 100.