Mercados Futuros: Uma ferramenta aliada ao agricultor

por Maurillo Marcondes

20 de Outubro de 2016, 09h29

Mercados Futuros: Uma ferramenta aliada ao agricultor
Mercados Futuros: Uma ferramenta aliada ao agricultor

Produzir alimentos, energia, e fibras é uma atividade nobre. Nobre, porém arriscada! Da porteira para dentro o agricultor é mestre no que faz; fora da porteira, o agricultor não tem domínio da situação. Os custos e a própria produção são, quase sempre, cotados em dólar, e, têm seus preços internacionalizados.

O agricultor é mero "tomador de preços" e seu sucesso seria (hipoteticamente) acertar "na mosca" o ponto ótimo de menor preço de custo de cada insumo, e de maior preço de venda da produção. Difícil!

Mais dois sérios problemas afligem os agricultores, a carência de armazéns que obriga muitos a "desovarem" seus grãos em momento ruins, e os contratos a termo que tiram a liberdade de negociação da produção.

Para se proteger dessas variações de preços, uma ferramenta simples, e utilizada há bastante tempo, são os Mercados Futuros, na qual comprador e vendedor de determinado produto negociam um lote de um produto a um preço, para uma data futura, na Bolsa de Mercadorias e Futuros, sem comprometimento de entrega da produção, custos de transporte e armazenagem.

Uma segunda ferramenta utilizada através da Bolsa são as Opções, no qual negocia-se um direito de compra ou venda de uma mercadoria. Tema a ser discutido futuramente.

Com uma pequena quantia, o agricultor pode proteger um capital bem maior. Em geral, com uma margem de garantia entre 3,5 a 10% do valor negociado, pode-se negociar commodities agrícolas, podendo aplicações financeira serem dadas como garantias, enquanto continuam rentabilizando.

Todas as posições, compradas e vendidas, têm seus valores ajustados diariamente, até a data de vencimento, debitando e creditando valores na conta na corretora. O investidor pode encerrar a posição sempre que quiser, ou aguardar o vencimento. Cada tipo de contrato tem sua oscilação máxima estabelecida. O milho, por exemplo, tem sua oscilação máxima diária estabelecida em 5%.

O contrato de milho é negociado por saca de 60Kg com lote mínimo de negociação de 450 sacas, o que equivale a 27 toneladas, pelo código CCM. Os meses de vencimento dos contratos são: Jan, Mar, Mai, Jul, Set e Nov, e encerram-se nos dias 15, ou dia útil seguinte. Um contrato de 450 sacas de milho, cotado a R$43,00 pode ser negociado por R$1300,00 de margem de garantia, o que equivale a R$3,22/saco.

Hedge: A operação de Hedge, de proteção de preços e receitas, se caracteriza em se atuar em duas frentes, no mercado futuro e mercado físico.

No mercado futuro, na Bolsa, vende contratos financeiros para comprá-los, liquidando a posição.

No mercado físico vende sua produção.

A diferença de preço na região de comercialização, e na Bolsa, é a chamada base de preço e pode oscilar durante o ano, sazonalmente. Nesse caso é fixa, de R$10,00

Como demonstrado pela Figura, um produtor em Mato Grosso, ao vender um contrato futuro de milho, com vencimento em determinada data, "trava" seu preço, por saco, em R$33,00, negociando um contrato de R$43,00 na Bolsa. Independe da elevação ou retração dos preços. Sua receita estava garantida.

O mercado futuro vai na direção contrária ao mercado físico. O que um subir, o outro cai, garantindo um determinado preço por saca, e protegendo a receita do agricultor.