NA BERLINDA

Maggi rebate delação de Silval Barbosa à PGR. “Leviana e criminosa”

Parte do depoimento foi divulgada hoje. Ministro classificou como “monstruosa”

por Robson Morais

04 de Agosto de 2017, 16h55

Maggi rebate delação de Silval Barbosa à PGR. “Leviana e criminosa”
Maggi rebate delação de Silval Barbosa à PGR. “Leviana e criminosa”

O ministro da Agricultura, Blairo Maggi -PP, chamou de "leviana" e "criminosa" a parte divulgada hoje, 4, da delação premiada do ex-governador Silval Barbosa à Procuradoria Geral da República -PGR. A declaração do progressista foi dada ao jornal Folha de São Paulo.

"Causa estranheza e indignação que possíveis acordos de colaboração, muitos ainda não homologados, coloquem em dúvida a credibilidade e a imagem de figuras públicas", disse Maggi em nota. "Nunca houve ação, minha ou por mim autorizada, para obstruir a Justiça ou atrapalhar as investigações. Nunca participei de qualquer reunião com fins espúrios, seja como governador ou em qualquer outra função que já desempenhei nas iniciativas públicas ou privadas", prossegue.

O ministro nega, ainda, ter utilizado meios ilícitos na relação entre o Executivo e o Legislativo. "Sempre respeitei o papel constitucional das Instituições e pautei a relação harmônica entre os poderes sobre os pilares do respeito à coisa pública e à ética institucional. Segundo Blairo, o rito obedecido no caso dos pagamentos de precatórios à Andrade Gutierrez foi absolutamente legal.

Além de Maggi, os senadores Wellington Fagundes -PR e Cidinho Santos -PR também aparecem na delação de Silval Barbosa. O conteúdo foi considerado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal -STF, Luiz Fux, como uma delação "monstruosa". Acredita-se que o depoimento do ex-governador possa desencadear a maior operação de combate à corrupção desde a Lava Jato.

Entenda

O ex-governador de Mato Grosso, Silval Barbosa, colocou o atual ministro da Agricultura, Blairo Maggi -PP e os senadores Wellington Fagundes -PR e Cidinho Santos -PR na berlinda. Em delação premiada assinada há dois meses junto à Procuradoria Geral da República -PGR, ele descreveu ao ministro do Supremo Tribunal Federal -STF, Luiz Fux, participação dos envolvidos em esquemas de corrupção.

Sem dar detalhes, Fux, classificou a delação como "monstruosa", talvez a segunda maior operação desencadeada depois da Lava Jato. Segundo Barbosa, Maggi participou da montagem de um esquema para liberar dinheiro de precatórios (dívidas decorrentes de sentenças judiciais) estaduais em troca do apoio de parlamentares do Estado. O fato, de acordo com o delator, teria acontecido ao fim da gestão do atual ministro como governador do Estado (2003-2010).

O ex-governador mencionou também em sua delação uma suposta tentativa de Maggi de obstruir a Justiça em relação à operação Ararath, apelidada de Lava Jato pantaneira e deflagrada em 2010 para investigar o pagamento de precatórios. Outro delator deste esquema é o ex-deputado estadual e ex-presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso José Geraldo Riva.

Sobre Fagundes e Santos, segue o delator: os dois teriam se beneficiado de recursos ilícitos. O ex-governador também relata fatos envolvendo pelo menos três deputados federais com mandatos em curso, além de repasses a conselheiros do Tribunal de Contas do Estado.

Mensalinho

Barbosa relatou, ainda, pagamento de um "mensalinho" para deputados estaduais que atuaram na sua gestão para lhe garantir apoio. Como evidência, forneceu vídeos dos parlamentares estaduais recebendo dinheiro em espécie. Os valores, segundo nomes envolvidos, giravam em torno de R$ 80 mil. Barbosa governou Mato Grosso de 2010 a 2014.

Outro lado

Maggi disse que espera ter acesso ao conteúdo total da delação de Barbosa. Só então, deverá apresentar defesa. Os senadores delatados ainda não se manifestaram.

As informações são da edição de hoje, 4, do jornal Folha de São Paulo.