Na foto que ilustra esta coluna estão o juiz Federal Sérgio Moro e os senadores da Republica Magno Malta (PR-ES) e José Medeiros (PSD-MT). O encontro entre os três ocorreu nesta quinta-feira (1) em Brasília. Em pauta, o Projeto de Lei 280 (PL), que trata de Abuso de Autoridade, outra medida que, na prática, pode comprometer o trabalho de juízes e procuradores em casos e operações contra políticos acusados de corrupção.

A reunião ocorre um dia após o Senado derrubar a votação em regime de urgência de emenda parecida e vergonhosamente aprovada pela Câmara que pode sepultar investigações como as da Operação Lava Jato. Ao contrário do apito que toca na Casa dos Deputados, na instância maior existe ainda bom senso, contrariando até mesmo vosso presidente Renan Calheiros (PMDB-AL), hoje talvez o principal interessado em censurar qualquer um que tenha peito para investiga-lo. Foi Calheiros, inclusive, quem colocou o requerimento de urgência em votação no Senado, sob protesto de parte dos senadores.

Entre eles Medeiros, se opondo também ao posicionamento dos deputados de Mato Grosso que, com exceção de Nilson Leitão (PSDB), votaram a favor da tal emenda já "na calada da noite", como mencionou o procurador-geral de Justiça do Ministério Público do Estado de Mato Grosso, Paulo Roberto Jorge do Prado.

De volta a este outro projeto, o 280, Sergio Moro recorreu ao Senado para sugerir mudança, externando sua preocupação de que a medida possa servir como um instrumento de intimidação de juízes, promotores, procuradores e autoridades policiais de todas as instâncias. "A minha sugestão vai ser a inclusão de um único artigo na lei versando nos seguintes termos: 'configura crime previsto nesta lei a divergência na interpretação da lei penal ou processual penal ou na avaliação de fatos e provas'", declarou Moro, que participou de reunião na Associação de Juízes Federais (Ajufe) e segue para o Senado para apresentar a proposta.

A ideia de Moro, ao apresentar a proposta, "é evitar que, a pretexto de se coibir abuso de autoridade, que essas autoridades envergadas da aplicação da lei, [como] juízes, promotores e policiais sejam perseguidos apenas por cumprir seu dever e contrariar interesses poderosos", afirmou.

A foto do encontro que ilustra esta coluna foi postada por Medeiros em sua página na rede social, com a hashtag #nalutacommedeiros. Ainda há esperança, para Moro e para o povo.