ONOFRE RIBEIRO

VLT: não há o que discutir

por ONOFRE RIBEIRO

25 de Setembro de 2019, 09h15

VLT: não há o que discutir
VLT: não há o que discutir

Gostaria neste artigo de entrelaçar algumas teses na tentativa de dar ao VLT uma perspectiva histórica olhando pro futuro. Mas antes passando pelo comportamento da sociedade nos próximos antes face à invasão das tecnologias. E depois pelos cenários do futuro próximo. Vamos dividir o tema em três frentes:

1- As tecnologias já estão mudando profundamente o conceito do transporte individual. Nos próximos anos, coisa de cinco anos, o automóvel estará completamente reformulado. Logo, o transporte coletivo de massa será a solução.

2- Os jovens já estão abrindo mão do transporte individual e preferindo transportes compartilhados. O conceito crescente da juventude é: o que importa não ter o carro, mas ter meios de locomoção. Seja transporte público ou compartilhado. As fábricas de automóveis já sabem disso e estão se reformulando.

3- Mato Grosso entrou há menos de três décadas na agricultura de larga escala. Em entrevista recente, o superintendente do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuáia – IMEA, Daniel Latorraca, disse-me que o agronegócio é a porta de entrada da vocação econômica de Mato Grosso. Dele derivarão o comércio, a indústria, a agroindústria e os serviços. O perfil produtor do Estado passa por algumas vertentes animadoras. A produção do agro deverá crescer assustadoramente, algo como 62% até 2030, sobre as atuais 63 milhões de toneladas de grãos. Cito um exemplo dado por ele. A China quer limpar a sua matriz energética hoje baseada no carvão, para matrizes mais limpas. Optou pelo etanol de milho. Isso faz de Mato Grosso um player mundial de grande importância. Na região do Médio Norte já tem duas grandes indústrias de etanol de milho e mais uma em instalação. O etanol do milho será uma matriz mato-grossense. Revolução total apenas no início.

Agora vem a conclusão dos raciocínios. O crescimento da economia estadual vai se refletir profundamente sobre Cuiabá, a capital do Estado. Não tem como ser diferente. Cuiabá é a capital política e maior centro referencial. Sendo uma cidade grande, moderna e economicamente muito ativa já é um fato a se refletir. Somando-se os comportamentos dos jovens em relação à sua mobilidade e aos avanços da tecnologia, parece tão simples imaginar que a capital não pode funcionar como hoje.

Fica claríssimo que Cuiabá, como a capital desse cenário estadual, precisará da modernidade mais avançada que houver na locomoção das pessoas. Logo, a modernidade  do VLT é absolutamente indiscutível. Questões jurídicas e técnicas precisam ser tratadas como seriedade porque o futuro atropela. Aliás, sempre atropelou. Seria ridículo isso acontecer mesmo sabendo dos próximos passos do futuro inevitável!

ONOFRE RIBEIRO é jornalista em Mato Grosso.