PELA CULATRA?

Medidas de Dilma visam atacar Temer, mas a presidente ainda é ela

por GazetaMT

02 de Maio de 2016, 10h14

Medidas de Dilma visam atacar Temer, mas a presidente ainda é ela
Medidas de Dilma visam atacar Temer, mas a presidente ainda é ela

A presidente da República Dilma Rousseff (PT) aproveitou o feriado do último domingo (1) para lançar uma série de ajustes de impacto direto na economia já em 2017. De agricultura familiar até teto do Imposto de Renda, as medidas do governo, contrariando gente da própria Casa, deverão ser encaminhadas o quanto antes para a aprovação no Congresso. Tudo antes, claro, da votação no Senado que pode lhe resultar em afastamento.

Por conta de tanta pressa, importante avaliar sobre elas, as medidas, o que está simbolicamente dito nos autos. Mais que ajustes e incentivos aos programas sociais e de qualidade de vida (como a licença paternidade para funcionários públicos) existe uma resposta direta e sem rodeios ao chamado 'projeto Temer', encabeçado pelo vice-presidente e seu partido, o PMDB. Em linhas gerais, o recado da presidente é o seguinte: "Se eu cair, você que assuma as contas e se vire". Simples assim, sem análise, sem conjuntura, nada.

É guerra mesmo. Se analisadas cada uma das medidas lançadas por Dilma em paralelo ao plano de governo já anunciado pelo vice Temer caso assuma  a presidência, intitulado 'Uma Ponte para o Futuro', vê-se o conflito direto.  

A título de exemplo, o peemedebista Temer quer privatizar "tudo o que for possível", como já dissera no documento divulgado. Conselheiros de seu projeto adiantaram ao jornal 'O Estado de São Paulo' que o Bolsa Família "está inchado" e carregado de "ineficiências". Defendem que é preciso "gastar menos" e o vice já garantiu que haverá cortes. Por último, o partido agora defende explicitamente a "flexibilização" de direitos trabalhistas e o corte de gastos sociais na saúde e na educação.

Agora vamos às respostas de Dilma: ajuste no programa Mais Médicos, aceleração e entrega de obras do Minha Casa Minha Vida, investimentos via plano Safra nos programas de agricultura familiar. Um rebote atrás do outro, ponto a ponto. Intencionalmente, a chefe da República se pautou a complicar cada item do possível novo plano de governo. Pautas polêmicas e tidas até mesmo como loucura do ponto de vista financeiro por parte de aliados e membros do próprio governo. À esta altura a presidente, como se diz, não está nem aí. É como já dito logo acima: Temer que se vire.

O que Dilma pode ter se esquecido, porém, é que existe a chance, ainda que pequena, de que a votação no Senado lhe garanta a continuidade do mandato. Se assim ocorrer a presidente terá duas opções: assumir a cria e dar conta do que acabara de prometer, independente do peso financeiro ou demais que possam surgir, ou voltar atrás e arrumar uma boa desculpa para responder aos jornais até que todo mundo se esqueça.

E numa dessas, pensemos: quem se vira, presidente?