“PRESENTE!”

A luta travada por Marielle se multiplica pelos becos do Brasil

por GazetaMT

16 de Março de 2018, 09h28

A luta travada por Marielle se multiplica pelos becos do Brasil
A luta travada por Marielle se multiplica pelos becos do Brasil

Quarta-feira, 14 de março de 2018. Na esquina da Rua Joaquim Palhares com João Paulo I, no bairro do Estácio, região central do Rio de Janeiro, um carro branco está parado. Dentro dele estão o motorista Anderson Pedro Gomes, 39 anos, a vereadora carioca Marielle Franco -Psol, 38 anos, e uma assessora da parlamentar. Minutos antes, outro carro, de cor prata, emparelhara com este primeiro. Dele, nove tiros foram disparados contra o carro em que estava a vereadora. Quatro a acertaram na cabeça. Gomes também morreu. Apenas a assessora, protegida no banco traseiro, saiu ilesa.

A militante política foi brutalmente assassinada. O caso ganhou grande repercussão dentro e fora do Brasil. Comoção nos municípios, nas ruas, nas universidades. A dor pela perda da representatividade. Marielle era vereadora carioca, mas legislava para além de uma só Casa de Leis.

A nós, sociedade em geral, cabe sobre este triste fato se perguntar não apenas "o que aconteceu?", mas, sim, "por que isso aconteceu?". "Por que Marielle Franco foi brutalmente assassinada?". O contexto nos faz perceber o momento para além do fato.

Marielle tinha um contexto. Mulher, negra e periférica, se tornou socióloga, mestre em Administração Pública, ativista, militante social e política. Nascida no Complexo da Maré, se tornara uma inspiradora exceção. Criticava, entre outros, ações de repressão praticadas pela polícia militar e infrações aos Direitos Humanos em geral. Foi, ao que tudo indica, justamente por isso executada. Silenciada pelos quatro dos nove tiros disparados contra seu carro.

Aparte da sabida violência policial, a discussão aqui é política. Em um Brasil que se "endireita", não há espaço para o apelo social, para os Direitos Humanos, para a luta de classes. Não são pautas, não há de serem vistos. Homens e mulheres de pele escura são assassinados todos os dias becos afora. A polícia, a milícia e o crime organizados matam. A falta de política bilateral também, em especial este perfil. Neste meio o pior: o silêncio forçado.

A repercussão pela morte da pessoa pública, vereadora carioca, necessita agora também se estender às vítimas em anonimato, homens e mulheres. Precisa se estender às lutas pelos Direitos Humanos, aos movimentos sociais. Talvez seja este um bom momento e uma última contribuição de Marielle Franco à toda comunidade.

Marielle, presente! Sempre presente!