QUEIMADAS

Bolsonaro diz que queimadas podem ser causadas por fazendeiros, mas 'a maior suspeita vem de ONGs'

por G1

22 de Agosto de 2019, 10h44

Bolsonaro diz que queimadas podem ser causadas por fazendeiros, mas 'a maior suspeita vem de ONGs'
Bolsonaro diz que queimadas podem ser causadas por fazendeiros, mas 'a maior suspeita vem de ONGs'

O presidente Jair Bolsonaro declarou nesta quinta-feira (22), ao ser questionado por jornalistas, que fazendeiros podem estar por trás de queimadas na região amazônica, porém a "maior suspeita" recai sobre organizações não-governamentais (ONGs).

Bolsonaro voltou a comentar o tema em entrevista na saída do Palácio da Alvorada. Na quarta (21), o presidente levantou a suspeita de que "ongueiros" sejam os responsáveis por incêndios na região.

A Amazônia concentra 52,5% dos focos de queimadas de 2019, segundo os dados do Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O G1 mostrou que o número de queimadas aumentou 82% em relação ao mesmo período de 2019 – de janeiro a 18 de agosto.

Indagado se fazendeiros poderiam estar por trás das queimadas, Bolsonaro disse que sim, porém reforçou a suspeita sobre as ONGs.

"Pode, pode ser fazendeiro, pode. Todo mundo é suspeito, mas a maior suspeita vem de ONGs", declarou o presidente.

Bolsonaro ainda foi perguntado se há provas e repetiu que não há registros escritos.

"Não se tem prova disso, meu Deus do céu. Ninguém escreve isso, vou queimar lá, não existe isso. Se você não pegar em flagrante quem está queimando e buscar quem mandou fazer isso, que isso tá acontecendo, é um crime que está acontecendo", declarou.

O presidente criticou a cobertura da imprensa às declarações, disse que não defende queimadas e que apresentou uma suspeita, já que as ONGs perderam recursos que eram direcionados pelo governo.

Questionado sobre os responsáveis pelos incêndios, Bolsonaro ironizou: "São os índios, quer que eu culpe os índios? Vai escrever os índios amanhã? Quer que eu culpe os marcianos? É, no meu entender, um indício fortíssimo que esse pessoal da ONG perdeu a teta deles. É simples".

Nesta quarta-feira (21), ambientalistas classificaram a fala de Bolsonaro sobre relacionar queimadas às ONGs como "irresponsável" e "leviana".

"Essa afirmativa da Presidência da República é completamente irresponsável, porque as ONGs têm como objetivo o meio ambiente como prioridade. Não faz nenhum sentido dizer que ONG está colocando fogo em floresta, pelo contrário. É um grande absurdo", afirmou o presidente do Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental (Proam), Carlos Bocuhy.

Petrobras

Bolsonaro não descartou durante a entrevista a possibilidade de privatizar a Petrobras até o final do seu mandato, em 2022. O presidente disse que seria preciso analisar o "custo-benefício" do negócio para o Brasil.

"Estuda tudo, pô. Tudo o governo estuda. Vai ter que analisar custo-benefício, o que que é bom Brasil ou que que não é", disse.

Na quarta-feira, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, declarou que o governo ainda não tem uma definição sobre o tema. Questionado nesta quinta se concorda com uma possível venda da estatal, Bolsonaro respondeu que avaliará uma eventual proposta do ministro da Economia, Paulo Guedes.

"Vou ouvir a proposta que vai ser apresentada para mim. Quando chegar para mim, daí eu falo", afirmou.

O presidente ainda voltou a reclamar do preço dos combustíveis pago pelo consumidor nos postos e disse que conversou com representantes da Petrobras sobre o assunto.

"Eu quero saber por que que o preço diminui na refinaria, que está diminuindo, e na ponta não diminui. O que a gente tem que fazer para esse preço chegar na ponta. Se está havendo cartel ou não está, não posso acusar", declarou.

Questionado se a ação pode ser vista como uma interferência na política de preços da empresa, ele declarou que o "objetivo" da estatal "atender melhor a população".

Novo imposto sobre pagamentos

Bolsonaro declarou que ouvirá a opinião do ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre a incluir na proposta de reforma tributária a criação um imposto sobre transações financeiras nos moldes da extinta Contribuição Provisória Sobre Movimentação Financeira (CPMF).

"Vou ouvir a opinião dele [Guedes]. Se desburocratizar muita coisa, diminuir esse cipoal de impostos, essa burocracia enorme", disse o presidente.

Guedes afirmou nesta quarta-feira que a volta do tributo teria como objetivo diminuir a tributação sobre a folha de pagamentos, como forma de estimular a geração de empregos no país.

Perguntado a respeito do tributo, Bolsonaro disse estar disposto a "conversar", mesmo já tendo dito anteriormente que não recriaria a CPMF.

"Eu estou disposto a conversar, não pretendo, falei que não pretendo recriar a CPMF. ... O que ele [Guedes] complementou? A sociedade que tome decisão a esse respeito. Ele pode falar ‘vou botar 0,10% na CPMF e em consequência acabo com tais e tais impostos’. Não sei. Por isso que eu evito falar com vocês, vocês falam que eu recuo", declarou.

Sucessão PGR

Bolsonaro informou que a reunião que terá com a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, na tarde desta quinta-feira foi a pedido da própria chefe do Ministério Público Federal.

Dodge está na disputa pela recondução como PGR, já que seu atual mandato se encerra em setembro. Em junho deste ano, ela disse que está "à disposição" para permanecer no cargo. Bolsonaro ainda não decidiu se a mantem ou se indica um outro procurador. Segundo ele, a decisão sairá na "hora certa".

O presidente ressaltou que deseja um chefe da PGR nota "sete" para que tenha uma atuação equilibrada.

"Eu não quero uma pessoa que seja 10 numa coisa e zero na outra. Eu quero que seja sete em tudo pra poder equilibrar. Não podemos ter uma pessoa lá preocupada apenas com uma coisa, e esquece o meio ambiente, esquece o combate a corrupção, esquece a questão das minorias, tá certo? tem que buscar uma solução pra tudo isso", afirmou.