Refinaria

Ex-presidente da Petrobras diz que Dilma "não pode fugir da responsabilidade" no caso Pasadena

Em entrevista ao 'Estadão', José Sérgio Gabrielli defendeu o negócio que gerou prejuízo de quase um bilhão de dólares

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20 de Abril de 2014, 13h09

Ex-presidente da Petrobras diz que Dilma "não pode fugir da responsabilidade" no caso Pasadena
Ex-presidente da Petrobras diz que Dilma "não pode fugir da responsabilidade" no caso Pasadena

O ex-presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, considerou-se responsável pela compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, mas afirmou que a presidente Dilma Rousseff também deve assumir sua responsabilidade no negócio. A compra foi efetuada em 2006 e resultou num prejuízo de quase um bilhão de dólares ao país. Na época Dilma Rousseff era presidente do Conselho de Administração da empresa e aprovou a transação.

As declarações foram feitas em entrevistas ao jornal 'O Estado de São Paulo', publicada neste domingo (20). Gabrielli reconheceu que o relatório entregue ao Conselho de Administração da estatal foi "omisso" sobre duas cláusulas que constavam do contrato, mas afirmou que isso não isenta Dilma de responsabilidade no episódio.

"Eu sou responsável. Eu era o presidente da empresa. Não posso fugir da minha responsabilidade, do mesmo jeito que a presidente Dilma não pode fugir da responsabilidade dela, que era presidente do conselho. Nós somos responsáveis pelas nossas decisões. Mas é legítimo que ela tenha dúvidas", declarou.

Na entrevista o ex-presidente da Petrobras defendeu sua gestão, negou que tenha feito pagamentos à empresa Astra (que vendeu a refinaria de Pasadena) e apontou interesses políticos e eleitorais nas críticas feitas à transação. Segundo Gabrielli, na época a compra da refinaria foi um bom negócio. Os prejuízos teriam surgido posteriormente em decorrência da crise de 2008 e, conforme ele, já começaram a ser recompensados com a recuperação do mercado a partir do ano passado.

"A oposição faz uma campanha irresponsável contra a Petrobras. A Petrobras é um patrimônio nacional extremamente bem gerido, com uma competência instalada extraordinária. O ataque só pode ser entendido por interesses eleitoreiros combinados com alguns interesses muito mais complicados", afirmou Gabrielli. Sem citar nomes, ele afirmou que há grupos econômicos interessados em reduzir os valores da Petrobras para viabilizar operações no mercado de ações e ameaçar o papel da empresa no desenvolvimento do pré-sal brasileiro.

José Gabrielli também questionou a gestão da atual presidente, Graça Foster, e defendeu o aumento gradativo no preço dos combustíveis como forma de acelerar a recuperação da Petrobrás. "Não precisa ser instantaneamente mas tem que haver um aumento gradual para permitir uma mínima aproximação do preço doméstico com o preço internacional (...). No dia que acontecer isso as ações da Petrobras voltam a crescer", avaliou..

Até o momento a presidente Dilma não se pronunciou sobre as declarações de Gabrielli.