RIO DE JANEIRO

Investigação sobre atropelamento indica homicídio culposo, diz delegado

O delegado afirmou que nenhuma hipótese ainda está descartada e que a vida pregressa do motorista continuará sendo investigada

por GazetaMT

19 de Janeiro de 2018, 16h40

Investigação sobre atropelamento indica homicídio culposo, diz delegado
Investigação sobre atropelamento indica homicídio culposo, diz delegado

O delegado da 12ª Delegacia de Polícia Gabriel Ferrando disse, na manhã de hoje (19), que um possível ataque epilético no motorista Antônio de Almeida Anaquim é a principal linha de investigação sobre o atropelamento de 17 pessoas na Praia de Copacabana, na noite de ontem (18). Até o momento, a avaliação do delegado é de que o crime foi um homicídio culposo, em que não há intenção de matar, e que o suspeito deve responder em liberdade.

"Ele narra que teria tido uma espécie de disritmia, decorrente do problema epilético. Segundo ele, essa disritmia causa nele um apagão", disse o delegado, que mantém o motorista na delegacia até o momento, para continuar com os esclarecimentos. "Esse apagão, segundo ele, teria ocasionado a perda de consciência temporária no momento em que estava conduzindo o veículo".

O delegado afirmou que nenhuma hipótese ainda está descartada e que a vida pregressa do motorista continuará sendo investigada. Na opinião de Ferrando, com as informações que ele tem até o momento, não há como indiciar o motorista por homicídio doloso, quando há intenção de matar, nem por homicídio com dolo eventual, quando se assume o risco de matar.

"Trabalhar com a hipótese, com os elementos que eu tenho no momento, de que ele tinha a intenção ou assumiu o risco, eu acho temeroso".

O delegado argumentou que a legislação não prevê prisão em flagrante para casos de atropelamento em que o motorista se mantém no local do incidente. A prisão também foi descartada até o momento porque os exames iniciais não apontaram ingestão de álcool e outras substâncias, e também porque o motorista não participava de um pega. Ferrando também considera que a alta velocidade, ao que tudo indica, foi causada pela disritmia.

Vítimas

Um bebê de oito meses morreu e 16 pessoas ficaram feridas no atropelamento. O motorista responderá pelo homicídio do bebê e lesão corporal das outras pessoas.

Testemunhas estão sendo ouvidas na tentativa de esclarecer o caso, incluindo uma mulher que estava no carro no momento do atropelamento. Segundo o delegado, ela corrobora a versão de que houve um ataque epilético.

"A testemunha narra que ele estava dirigindo, e ela foi surpreendida com a paralisia dele. Ele teria tido um apagão enrijecido", conta o delegado.

O delegado contou que ainda não recebeu informações oficiais do Departamento de Trânsito do Estado do Rio de Janeiro (Detran) sobre a situação do motorista, mas confiscou a carteira de habilitação dele como medida cautelar.

Ferrando considera que, mesmo que fique provado que o motorista mentiu sobre a doença no exame médico do Detran, ou que estava com a carteira de habilitação vencida, isso não muda o entendimento de que não houve intenção de matar.

"A situação dele vai ser agravada no que diz respeito às pena. O que estamos discutindo aqui é a voluntariedade", disse o delegado

Além de informações oficiais do Detran, a Polícia Civil aguarda ainda o resultado de exames mais detalhados de sangue e urina, além de câmeras de segurança instaladas perto do local do acidente que possam ter registrado o atropelamento de prédios e câmaras da Prefeitura. Na opinião do delegado, é possível que a investigação do caso seja encerrada em até 30 dias.