SAFRA BRASILEIRA

Exportações sustentam preço interno em 2017

Além disso, a queda na relação estoque/consumo global impulsionou os valores internacionais ao longo do ano

por Redação com CEPEA

09 de Janeiro de 2018, 08h31

Exportações sustentam preço interno em 2017
Exportações sustentam preço interno em 2017

Com o aumento da colheita da safra brasileira 2016/17, as exportações da pluma firmes em 2017 ajustaram a oferta e a demanda no mercado doméstico, especialmente no segundo semestre, amortecendo a retração nos preços médios, de acordo com pesquisadores do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP. Além disso, a queda na relação estoque/consumo global impulsionou os valores internacionais ao longo do ano. Assim, antes mesmo do início da colheita no Brasil, vendedores firmaram vários contratos para entrega doméstica e também para exportação.


Em 2017, o Indicador CEPEA/ESALQ com pagamento em 8 dias, referente à pluma 41-4, posta em São Paulo, acumulou queda de apenas 3,08%, encerrando o ano a R$ 2,6647/lp. A média do ano foi de R$ 2,6106/lp, apenas 1,5% superior à de 2016. Em termos reais, a maior média mensal de 2017, de R$ 2,8060/lp, foi observada em junho, enquanto a menor, de R$ 2,4035/lp, em outubro (dados atualizados pelo IGP-DI de nov/17).


No primeiro semestre de 2017, a cotação do algodão em pluma no Brasil recuou 3,2%, de acordo com dados do Cepea. Apesar da quebra na produção da safra 2015/16, indústrias trabalhavam com o estoque já adquirido, buscando lotes apenas para reposição de estoque. A expectativa era de que a maior colheita da safra 2016/17 pressionasse as cotações. Naquele período, o preço doméstico mais atrativo que o externo fazia com que cotonicultores e tradings se voltassem para vendas internas. Em junho, especificamente, os primeiros lotes da nova safra entraram no mercado, reforçando o movimento de baixa nos preços. Assim, na segunda metade do ano, a entrada mais efetiva da safra 2016/17 derrubou os valores internos da pluma, principalmente entre junho e outubro.


Segundo dados da Conab, a produção brasileira da temporada 2016/17 cresceu 18,6% frente à safra anterior, somando 1,529 milhão de toneladas, impulsionada pela alta de 20,6% na produtividade média, visto que a área caiu 1,7% (a 939,1 mil hectares). O clima favoreceu o desenvolvimento da temporada, mas prejudicou a colheita e, consequentemente, a qualidade da pluma.


EXPORTAÇÃO/IMPORTAÇÃO


De janeiro a dezembro de 2017, foram exportadas 834 mil toneladas de pluma brasileira, volume 3,6% maior que o de 2016, segundo dados da Secex. Os embarques estiveram menores no primeiro semestre por conta da queda na produção de 2016. Na atual safra (2016/17), de junho a novembro, foram embarcadas 558 mil toneladas da pluma, 37% acima do registrado no mesmo período anterior. Quanto às importações, por sua vez, somaram 33,6 mil toneladas de pluma de janeiro a dezembro de 2017, alta de 24,2% frente ao ano anterior, sendo que 32 mil toneladas foram adquiridas apenas no primeiro semestre.


INTERNACIONAL


A produção mundial de pluma na safra 2016/17 foi estimada em 22,99 milhões de toneladas, 7% superior à anterior, segundo dados do Icac (Comitê Internacional do Algodão) divulgados em 2 de janeiro de 2018. O consumo foi previsto em 24,52 milhões de toneladas, alta de 1,4%, e a comercialização, em 8,1 milhões de toneladas, aumento de 7,1%. Por fim, o estoque mundial está projetado em 18,77 milhões de toneladas, recuo de 7,3%, influenciado, especialmente pela queda de 16% no estoque chinês.