SAÚDE

Pátio defende Estado e ataca ameaça de fechamento do Hospital Regional: “É caso de polícia”

Prefeito de Rondonópolis acusa empresa administradora de não repassar recursos recebidos do Estado

por Robson Morais

12 de Novembro de 2018, 15h34

Pátio defende Estado e ataca ameaça de fechamento do Hospital Regional: “É caso de polícia”
Pátio defende Estado e ataca ameaça de fechamento do Hospital Regional: “É caso de polícia”

Foto: Assessoria

Em entrevista coletiva concedida à imprensa na tarde de hoje, 12, o prefeito de Rondonópolis José Carlos do Pátio -SD pesou o discurso contra o Instituto Gerir, responsável pela administração do Hospital Regional Irmã Elza Giovanella, que atende a 19 municípios da região. A unidade de saúde ameaça fechar as portas por, segundo a empresa, falta de repasses para custeio, aquisição de insumos e manutenção estrutural.

Os repasses são de responsabilidade do Governo do Estado. Sobre a dívida, o Instituto Gerir alega um montante deficitário de quase R$5,5 milhões. Em defesa, o prefeito alega que parte, R$2,4 milhões, já foi regularizada. "[O Estado] não pagou tudo, mas este dinheiro já resolveria parte das questões. O Gerir é quem pôs dificuldade. Se o Estado mandou dinheiro, oras, como não tem como pagar?", questionou.

Desde o início do mês passado, a unidade de Saúde sofreu com inundações causadas pelas chuvas, paralisação dos médicos e dos profissionais terceirizados, além da falta de materiais básicos da rotina hospitalar. Ainda segundo o prefeito, os Ministérios Públicos do Estado e Federal seguem acompanhando o caso. A promotora do MPE é Joana Maria Bortoni Ninis.

Acusações

Em seu pronunciamento, Pátio disse sentir "indignação com certas diretorias de hospitais, que põem nas costas dos gestores os problemas e não cumprem seu papel". Fez referência direta à Santa Casa de Rondonópolis, que reabriu recentemente as portas da UTI pediátrica após mais de 50 dias paralisada. "É a mesma coisa. Eu paguei a UTI em dia e a Santa Casa tomou esta atitude equivocada. A Santa Casa em várias vezes me deixou refém. Na época do Silval (Barbosa, ex-governador) recebia R$ 27 milhões em repasses e hoje mesmo recebendo R$ 57 milhões faz isso. O Gerir não é diferente, também não cumpre seu papel".

No próximo dia 27, deu a entender o prefeito, o vencimento do contrato do Estado com o Instituto Gerir seria o real motivador do impasse. Para ele, "o caso é de polícia". "O ideal seria bloquear as contas do Gerir, porque o Estado está repassando e eles não estão pagando ninguém. Conversei com a diretoria do Instituto e ninguém me deu um esclarecimento", disse.

Medicamentos

Junto ao MPE e Procuradoria do município, Pátio disse estudar a possibilidade de compra de medicamentos sem licitação. Pelo trâmite normal, a aquisição leva meses até ser concluída. Por isso, o poder municipal, frisou o prefeito, precisa atuar como um intermediário da situação. "Estamos aqui para ajudar, temos cerca de R$ 400 e R$ 500 mil em caixa, recurso nosso, que pode ser usado nesta compra. Segura a situação, mas não sei até quando. A Procuradoria está aqui e vamos entrar com um pedido de intervenção. Vamos tomar uma atitude, porque isso não é mais caso de Saúde, é de polícia", disparou. 

Outro lado (atualização às 16h35)

O Instituto Gerir se manifestou em nota, via assessoria. O valor acima citado, no comunicado aparece ainda maior: R$ 15 milhões. A empresa desmente, ainda, que fechou as portas nesta segunda-feira. Leia abaixo:

"A diretoria do Hospital Regional Irmã Elza Giovanella informa que, por problemas de saúde, Fernando Rinaldo teve que se afastar das funções de diretor geral do Hospital e no momento, Gustavo Vasconcelos, que já acompanha dos processos do HRR, está fazendo a coordenação. A informação que está circulando em grupos de mensagem de WhatsApp de que o Hospital "fechou as portas" por determinação judicial e que o Instituto Gerir abandonou a administração é falsa e irresponsável. O Instituto Gerir reafirma a necessidade de regularidade nos repasses de custeio pelo parceiro público e reforça seu compromisso e parceria no atendimento aos pacientes da região sudeste de Mato Grosso, e garante que, dentro das condições atuais, os atendimentos estão sendo realizados com qualidade, de forma humanizada, e sempre adotando as medidas para segurança do paciente, visando seu restabelecimento total.O Instituto Gerir destaca ainda que o Governo do Estado deve R$ 15 milhões em repasses atrasados para o Hospital Regional de Rondonópolis".