SOB RISCO

Medeiros nega que tenha assinado ata para fraudar a ordem dos suplentes

Senador responde a ação no Tribunal Regional Eleitoral (TRE/MT), que ocorre em sigilo. Mandato está ameaçado

por GazetaMT

09 de Abril de 2018, 15h04

Medeiros nega que tenha assinado ata para fraudar a ordem dos suplentes
Medeiros nega que tenha assinado ata para fraudar a ordem dos suplentes

O senador José Medeiros (Podemos) nega que tenha assinado ata para fraudar a ordem dos suplentes no registro da candidatura de Pedro Taques ao Senado, nas eleições 2010. "Eu não assinei o diabo da ata. Eu não participei de ata. Quem fez aquilo foi a chapa majoritária. Eu não fui chamado a assinar. Não sei nem como se procedeu isso. Mandei a documentação para Cuiabá", disse. "Eu não assinei ata nenhuma. Quem fez foi o amigo do Fiúza. Isso é rolo deles lá", disse Medeiros, em conversa com imprensa da capital.

Medeiros responde a ação no Tribunal Regional Eleitoral (TRE/MT), que ocorre em sigilo. Caso seja constatada fraude na ata, José Medeiros pode perder o mandato e o governador Pedro Taques de se tornar inelegível.

A ação que tramita no TRE-MT chegou a ser extinta pelo órgão, porém, uma decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mandou reabrir o caso em 2016. Recentemente, um exame grafotécnico realizado pela Polícia Federal (PF) reforçou a acusação de que houve fraude na ata da convenção. O resultado do exame pericial detectou divergência entre a assinatura de Fiúza coletada pela PF e aquela que consta na ata.

Em sua defesa, Medeiros alega que não participou da construção da ata, sequer foi chamado para assiná-la. Ele também explicou que era candidato a deputado a federal, e com a desistência de Zeca Viana, assumiu o posto de suplente de Taques.

"Na verdade eu não tenho nada a ver com aquilo. Eu não assinei e não participei de ata. Quem fez aquilo lá foi a chapa majoritária. Eu era candidato a deputado federal, o Zeca Viana saiu e fui convidado a substituí-lo...Ele era primeiro suplente. Foi o que mexeu. Para que houvesse o que estão falando, o segundo suplente teria que ter renunciado, entrado na primeira e aí eu substituir o segundo. Isso não houve. É conversa fiada depois que (Taques) ganhou eleição".

Entenda o caso

Durante o registro, em julho de 2010, a ata original trazia Pedro Taques como cabeça de chapa, seguido pelo atual deputado estadual, Zeca Viana, como 1º suplente e o empresário de Sinop (501 km de Cuiabá), Paulo Fiúza, como 2º suplente.

Porém, em agosto de 2010, Zeca Viana desistiu de figurar como 1º suplente na chapa de Taques ao Senado para concorrer a uma vaga na Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT).

Com a desistência, Paulo Fiúza teria passado para a 1ª suplência e o então policial rodoviário federal, José Medeiros, ficaria com a 2ª suplência.

No entanto, há a suspeita de que a ata tenha sido fraudada, "passando" Medeiros para frente de Fiúza, em razão de suposta falsificação assinaturas dos membros da coligação.

A chapa foi vencedora em 2010. Depois, Pedro Taques disputou o governo de Mato Grosso em 2014 e foi eleito tendo que renunciar ao cargo de senador no início de 2015. José Medeiros assumiu seu lugar no Senado enquanto Paulo Fiúza afirmava que era ele que deveria assumir a vaga.

No entanto, caso não seja constatada fraude na ata, Fiúza não deve ser o conduzido ao cargo de senador uma vez que o então candidato ao Senado em 2010. Acontece que Carlos Abicalil (PT), que ficou em 3º lugar no pleito, em 2010, também questiona o registro de candidatura da coligação "Mato Grosso Melhor Para Você" na Justiça Eleitoral. Se comprovar a fraude, o petista pode assumir e concluir o mandato que se encerra em janeiro de 2019.

Segundo o Gazeta Digital, que ouviu especialistas em direito eleitoral a respeito, não é necessária a assinatura do suplente na ata formulada pelo partido.