Um tijolinho na grande parede da educação

por Gilberto Figueiredo

30 de Junho de 2016, 11h16

Um tijolinho na grande parede da educação
Um tijolinho na grande parede da educação

Muitas das nossas mais saudosas lembranças têm como cenário o ambiente escolar. Mas para garantir boas lembranças e uma educação de excelência é preciso todo um aparato por trás do sistema educacional.

E não é difícil de imaginar o tamanho do desafio que é estar à frente da rede de ensino, não é mesmo. Mas somente depois de acompanhar, por três anos consecutivos, os resultados e os novos índices da qualidade da educação municipal de Cuiabá, constatei que não era possível ter noção do quanto o modelo era ineficiente - anos atrás.

Quando aceitei o desafio de me tornar secretário de Educação, a realidade era de infraestrutura inadequada, pais insatisfeitos, professores e alunos desmotivados e uma dívida de R$ 15 milhões para pagar.

"Na parede da memória essa lembrança é o quadro que dói mais". Lanço mão do verso eternizado na canção de Belchior para dizer que o quadro acima pintado por mim me assustou e não pode ser a realidade na vida das crianças ou a lembrança de quando se tornarem adultas.

Não é demasiado repetir que "o trabalho em equipe é o combustível que permite pessoas comuns obterem resultados incomuns". E foi justamente essa a motivação durante os mais de três anos que fiquei na Secretaria Municipal de Educação (SME): eu sabia que com pessoas certas nos lugares certos, os resultados positivos viriam.

Quando substituímos o desânimo pelo empenho, o resultado veio no formato de mais 3 mil vagas na Educação Infantil, de 14 novos Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs) e cerca de 100 obras a mais, em ampliação e construção de escolas.

Não se tratam apenas de obras, de paredes de concreto. São os espaços que vão emoldurar a memória das crianças. São símbolos da confiança de pais e mães que precisam deixar seus filhos em um local adequado e seguro enquanto trabalham. São espaços de desenvolvimento e formação de pessoas.

Foi pensando nisso que voltamos o nosso empenho para fazer com que esses espaços ocupassem as melhores lembranças dos adultos de amanhã. Isso é apenas um tijolinho na grande parede da educação.

Aprendi que empenho é melhor que desânimo, mas não estou satisfeito. A qualidade da educação é fundamental. E isso vai muito além da gestão. Aplicar recursos de forma correta, buscando sempre o melhor resultado que se pode obter é o mínimo.

Gilberto Figueiredo é ex-secretário de Educação de Cuiabá e ex-diretor Regional do Senai-MT