VEJA LISTA DOS ALVOS

Celulares apreendidos na PCE iriam para líderes do CV; câmeras registraram ação dos envolvidos

Três policiais militares, o diretor do presídio e o sub diretor foram alvos da operação Assepsia, deflagrada na manhã desta terça-feira (18)

por Cuiabá, MT - Daffiny Delgado

18 de Junho de 2019, 14h00

Celulares apreendidos na PCE iriam para líderes do CV; câmeras registraram ação dos envolvidos
Celulares apreendidos na PCE iriam para líderes do CV; câmeras registraram ação dos envolvidos

O delegado da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) Ferdinando Murta, afirmou que o esquema ilegal para entrega de celulares dentro da Penitenciária Central do Estado (PCE) favoreciam as lideranças da facção Comando Vermelho. As câmeras de segurança da unidade chegaram a registrar uma reunião a porta fechadas entre os alvos da operação.

A operação Assepsia foi deflagrada na manhã desta terça-feira (18), onde o diretor e sub-diretor da PCE, três policiais militares e dois membros de facção foram presos preventivamente.

"Os celulares estavam entrando na unidade com a ajuda de servidores públicos e os aparelhos eram distribuídos lá dentro, entre as lideranças do Comando Vermelho”, disse.

De acordo com o delegado, as investigações começaram após uma grande apreensão de celulares, registrado no dia 06 na PCE, onde mais de 80 celulares foram encontrados dentro de um freezer.

 “Assim que nossas equipes chegaram à penitenciária, foram entrevistados todos os agentes que estavam presentes. Fomos até o corpo da guarda, que é onde existe um livro de registro de entrada, de objetos, de pessoas - mas não havia nenhum tipo de registro, ninguém soube dar nenhuma informação sobre como aquele objeto teria entrado pelo portão principal da unidade”, afirmou.

O delegado explicou que essa ausência de registro, chamou a atenção dos investigadores, que foram até o diretor da unidade e nem mesmo eles soube explicar a então falha. Foi então que após analisar as imagens do circuito interno de segurança, que foi possível identificar a possível participação dos envolvidos.  

“Na análise das imagens, constatou-se que o freezer chegou por volta de 13h transportado por uma caminhonete. Foram abertas as portas da penitenciária e ele entrou. O freezer foi descarregado e o carro saiu em seguida. Cerca de 40 minutos depois, os policiais militares chegam à unidade em um veículo descaracterizado e sem farda. Eles foram direto para a sala da direção, onde se reuniram com os diretores e os detentos", explicou.

As investigações ainda não conseguiram determinar qual o valor acordado entre os envolvidos para a entrega dos celulares. “Esperamos agora, com o interrogatório dos presos, chegar a esses valores e se aconteceu tudo isso, mas tudo indica que sim. Que os delitos tenham sido feitos com intuito de colaboração financeira", acrescentou.

Para o delegado o GCCO agiu com base em provas substanciais.

“É bom deixar claro que a GCCO não faria uma ação como essa se não tivesse um conteúdo bastante robusto. Foi tudo filmado, registrado. Não há dúvida de que todos eles estavam lá", ressaltou o delegado.

 Lista dos alvos

Diretor da PCE Revetrio Francisco da Costa, Sub-diretor Reginaldo Alves dos Santos, tenente da PM Cleber de Souza Ferreira, Sub tenente da PM Rotam Ricardo de Souza Carvalhaes de Oliveira, Cabo PM Rotam Denizel Moreira dos Santos JR, lideranças do CV Paulo Cesar da Silva e Luciano Mariano da Silva.

A operação

A operação cumpriu 15 ordens judiciais expedidas pela 7ª Vara Criminal de Cuiabá. As ordens foram determinadas depois de representação dos delegados e manifestação favorável do Ministério Público Estado, via o Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (GAECO).

Além das prisões preventivas dos servidores públicos e dos líderes da facção criminosa, foram cumpridas medidas de busca e apreensão nas dependências da Penitenciária Central do Estado.

O inquérito será concluído nos próximos 10 dias. Os investigados poderão responder pelos crimes de integrar organização criminosa, corrupção passiva e ainda por facilitação de entrada de celulares em estabelecimento prisional.