VERGONHOSO

Deputados do MT tentam aprovar emenda que sepulta a Operação Lava Jato

por GazetaMT

30 de Novembro de 2016, 16h55

Deputados do MT tentam aprovar emenda que sepulta a Operação Lava Jato
Deputados do MT tentam aprovar emenda que sepulta a Operação Lava Jato

Já era madrugada de quarta-feira (30) quando a Câmara dos Deputados aprovou em Brasília a Emenda ao pacote de medidas contra a corrupção (aprovado por 450 votos e 1 contra) que pode se tornar o mais novo escudo de leniência aos parlamentares desta e das demais Casas. A emenda define a previsão de "crimes de responsabilidade" para juízes e membros do Ministério Público. Por fim, tem dedo de quase todos os deputados mato-grossenses nesta aprovação.

Com exceção do deputado federal Nilson Leitão (PSDB), todos os demais que representam o Estado vergonhosamente se posicionaram a favor da emenda à medida. Adilton Sachetti (PSB), Carlos Bezerra (PMDB), Ezequiel Fonseca (PP), Saguás Moraes (PT), Tampinha (PSD) e Valtenir Pereira (PMDB).  

Destaque para os dois primeiro citados: Sachetti e Bezerra. Pela ligação de ambos com a cidade de Rondonópolis, a coluna se reserva o direito de analisar com mais atenção. Agiram, nesta madrugada, como cobras criadas no quintal de seu povo.

Sachetti encampa um falso modelo de moralidade pública. Um moralista do povo. Preza em público pelo que, nos bastidores, não cumpre. O segundo faz o mesmo, com a ligeira diferença: deste a máscara caiu faz tempo. Tenta emplacar retorno, apoiando candidatos e se mostrando presente. Não convence.

Vergonhoso é o termo que resume o posicionamento. E não há outro. Há mesmo de ser este duro. A ampla votação dos deputados a favor da medida não tem a preocupação de garantir que todos sejam atingidos pela lei. O foco, como apontado por políticos contrários e à favor da medida durante a sessão, é claro: permitir que Sérgio Moro, Deltan Dallagnol e demais membros da operação Lava Jato que aterroriza centenas de políticos possam ser colocados no banco dos réus, praticamente acabando com operações como a Lava Jato.

Embora não tivesse sido discutida na comissão especial, a punição a juízes e promotores foi incluída no parecer apresentado pelo relator, Onyx Lorenzoni (DEM-RS), mas dentro da tipificação do crime de responsabilidade. Hoje, esse tipo de crime atualmente só atinge ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e o procurador-geral da República, além de presidente da República, ministros, governadores e secretários de estado. É o que tende a mudar, "contemplando" também juízes e procuradores.

A força-tarefa da Lava Jato chegou a divulgar uma nota condenando a possibilidade de a Câmara "atentar contra a independência do Ministério Público e do Poder Judiciário". A punição à categoria foi classificada como uma "tentativa de aterrorizar procuradores, promotores e juízes em seu legítimo exercício da atividade de investigação, processamento e julgamento de crimes, especialmente daqueles praticados nas mais altas esferas de poder".

Não à toa, e a título de exemplo, uma das maiores defensoras da aprovação da medida durante a sessão foi Clarissa Garotinho, filha de Anthony Garotinho, que chegou a ser preso na semana passada pela acusação de compra de votos em campanhas eleitorais.

O projeto das "10 medidas contra a corrupção", juntamente com a emenda aprovada, segue para votação no Senado, ainda sem data prevista. Pouco importa, porém, o prazo. Nossos deputados já mostraram a que vieram.