EDUARDO CHILETTO

Construindo cidades sustentáveis

por Eduardo Chiletto

12 de Junho de 2019, 08h04

Construindo cidades sustentáveis
Construindo cidades sustentáveis

Estamos em plena 4ª Revolução Industrial, marcada pela convergência de tecnologias digitais, físicas e biológicas, por robôs integrados em sistemas ciberfísicos. A revolução tecnológica que está transformando a forma como vivemos, trabalhamos e nos relacionamos. Um momento de repensar as cidades como lugares para proteger e melhorar a vida das pessoas.

No mês em que tanto se fala tanto em meio ambiente, é prioritário lembrar que somos parte desse meio e dessa revolução. Por isso, é fundamental promovermos em Mato Grosso uma melhor interlocução tecnológica-cultural entre os 141 municípios, de modo a estimular experiências de urbanização exitosas no enfrentamento à pobreza e no modo como as cidades se desenvolverão espacial e economicamente, para atender os desafios do desenvolvimento urbano sustentável.

Somos um Estado rico, onde o PIB (produto interno bruto) cresce em um ritmo acima da média nacional e mesmo mundial. Mas, mesmo em um contexto de crescimento, existem municípios extremamente pobres e abandonados; ao passo que outros que são referência em desenvolvimento. Também temos 65% da população vivendo em áreas urbanas, percentual maior que a média mundial de 54%, conforme a ONU.

O lado preocupante é que o êxodo rural aumenta significativamente a cada ano. Em 2050, estima-se que 70% da população global viverão em área urbana. Então, nossas cidades estão enfrentando mudanças demográficas, ambientais, econômicas, sociais e diversos desafios espaciais. Sempre enfrentaram, porém, a partir da década de 1930, tudo isso passou a ser mais acentuado e divergente.

Um exemplo é que dentre os consórcios intermunicipais de Mato Grosso há uma realidade muito distinta. Enquanto na região sul, nos 11 municípios integrantes, 80% da população vive em área urbana, no Vale do Guaporé, região sudoeste, entre os oito municípios, apenas 54% dos cidadãos estão nas cidades. Se olharmos para densidade (habitante/quilômetro quadrado), a discrepância é maior.

No primeiro consórcio temos uma média de 9,21 hab/km2 e no segundo a taxa cai para 1,44 hab/km2. Neste contexto, como engajar autoridades locais, regionais, nacionais e internacionais, parceiros e comunidade para que tenhamos cidades sustentáveis e resilientes? Não podemos esquecer que esse conceito está ligado e alicerçado em como processos e tecnologias da quarta revolução industrial serão aplicados.

Uma agenda bem-sucedida requer parcerias entre todos os principais atores, assim como o engajamento com os principais atores locais. Um exemplo bem-sucedido vem sendo implantado no Estado pelo Comitê Gestor da Page (Partnership for Action on Green Economy), que conta com o engajamento da recém-criada e atuante Academia de Arquitetura e Urbanismo (AAU-MT).

A proposta é contribuir com a transformação equitativa e sustentável das estruturas econômicas. Na prática, estamos buscando, por meio de programas e ações já desenvolvidas pelos diversos atores, alcançar sustentabilidade ambiental com a criação de empregos decentes, redução da pobreza e a melhoria do bem-estar humano no território mato-grossense.

Partindo da percepção que os arquitetos e urbanistas possuem um papel estratégico no desenvolvimento econômico do país, estamos inseridos nessa missão com a tarefa de elaborar e implementar as políticas públicas a partir de uma perspectiva ampla e multidisciplinar.

O objetivo é melhorar significativamente a qualidade de vida de seus cidadãos, esverdeando a economia. Também queremos garantir que os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) estejam disponíveis a todos. Assim, AAU-MT e Page seguem engajados em arquitetar e edificar ‘cidades melhores’ para termos uma ‘vida melhor’.

É sempre bom lembrar que não haverá mudanças se não trabalharmos em sinergia, todos juntos. Que tal começarmos agora? Vamos ampliar os conhecimentos sobre a economia verde e a sustentabilidade das nossas cidades?

Eduardo Chiletto, arquiteto e urbanista, presidente da AAU-MT, [email protected], https://www.instagram.com/academiaarqurb/