OPINIÃO
Como o avanço das IAs está transformando o marketing e o futuro do trabalho
13 de Agosto de 2025, 06h00

Da automação de marketing às novas camadas de negócio impulsionadas por Inteligência Artificial, estamos vivendo a maior transformação desde a chegada da internet, e ela não tem volta.
Assim como a máquina a vapor inaugurou a Revolução Industrial e a internet redefiniu a comunicação global, a inteligência artificial está desencadeando uma transformação ainda mais profunda, muitas vezes silenciosa invisível aos olhos desatentos, mas tão poderosa quanto um terremoto.
O lançamento do ChatGPT-5 e o crescimento explosivo de plataformas como Perplexity, Claude, Gemini, Grok e DeepSeek não são apenas novidades tecnológicas. Eles representam a fundação de uma nova economia baseada em inteligência computacional distribuída. E o que está acontecendo agora é apenas o começo.
Gosto de enxergar esse cenário em camadas. Na primeira camada, estão os grandes modelos de linguagem e plataformas de IA generativa, ou seja, as bases da nova infraestrutura digital. Elas não apenas respondem a comandos: aprendem, raciocinam, programam, geram conteúdo, resolvem problemas e otimizam decisões em tempo real.
Mas o que vem a seguir é ainda mais interessante.
Na segunda camada, temos o surgimento de ferramentas que integram essas IAs a soluções práticas. São produtos que transformam modelos de linguagem em assistentes inteligentes voltados para tarefas específicas. Exemplos? Freepik, Canva, Copy.ai, Notion AI, entre dezenas de outras plataformas que já automatizam criação de conteúdo, design, pesquisa, atendimento ao cliente e até mesmo desenvolvimento de negócios.
E já podemos vislumbrar uma terceira e quarta camada: um ecossistema de APIs, integrações e agentes autônomos que trabalham de forma orquestrada, onde muitos deles sem sequer necessitam de supervisão humana constante. É o que chamamos de automação de alto nível, onde a IA deixa de ser uma ferramenta e passa a ser colaboradora.
O marketing talvez seja uma das áreas mais impactadas. Com a nova geração de IAs, tarefas como criação de e-mails, posts, segmentações, fluxos de automação e análise de performance podem ser executadas em segundos por sistemas integrados e com níveis de personalização que desafiam até os times mais bem treinados.
A automação agora não é apenas operacional. É estratégica. Plataformas como o ChatGPT-5 permitem criar agentes personalizados que se conectam ao seu CRM, ao Google Analytics, à sua plataforma de e-commerce, ao WhatsApp e até ao seu calendário. O que isso significa? Que um único agente pode analisar dados de campanhas, sugerir melhorias, gerar novos criativos e programar disparos, tudo com base em metas e comportamentos.
Isso é o futuro do marketing? Não. É o presente.
Diante desse cenário, estamos vendo nascer uma nova geração de empreendedores e profissionais. Gente que entende que não basta dominar uma plataforma e que é preciso dominar o raciocínio estratégico, os dados, o comportamento humano e, principalmente, saber fazer as perguntas certas.
As IAs estão resolvendo problemas de nicho com uma velocidade assustadora. Soluções para recrutamento, RH, jurídico, saúde, agricultura, educação, finanças, todos os setores estão sendo redesenhados com base em agentes especializados. E tudo isso forma um novo mercado: o mercado das camadas sobre a IA.
Nesse novo mundo, o trabalho humano muda de forma. As tarefas repetitivas, burocráticas ou técnicas demais serão delegadas a agentes inteligentes. E cabe a nós encontrar um novo lugar nesse cenário. Um lugar onde senso crítico, empatia, criatividade e visão sistêmica não podem ser substituídos.
A melhor forma de prosperar nesse novo tempo não é tentar competir com a IA. É trabalhar com ela. Usá-la como aliada, como extensão da nossa inteligência e do nosso tempo.
Mas isso exige equilíbrio. Em meio à avalanche de dados e possibilidades, manter a mente clara e crítica será o diferencial dos profissionais do futuro. Porque saber o que perguntar será mais importante do que saber todas as respostas.
E essa é a nossa vantagem. O pensamento crítico, a sensibilidade, a ética, e o julgamento, são essas as habilidades que nenhum algoritmo pode replicar.
A IA não vai tirar seu emprego. Ela vai transformar o que significa ter um. E quanto antes entendermos isso, maiores serão nossas chances de liderar essa mudança.
Estamos vivendo a maior revolução tecnológica dos últimos 100 anos. E, como toda revolução, ela assusta, confunde, mas também abre portas incríveis.
*Vinícius Taddone é diretor de marketing e fundador da VTaddone® www.vtaddone.com.br e cofundador da MarketerValley