Luluca Ribeiro

Parque Dante de Oliveira: um projeto de vida para Cuiabá

por Luluca Ribeiro

14 de Outubro de 2020, 07h59

Imagem: Divulgação / Assessoria
Imagem: Divulgação / Assessoria

Que o ano de 2020 tem sido desafiador, isso não é segredo para ninguém. Em Cuiabá, as notícias não andam muito diferentes: em 30 de setembro, exatamente às 15h, a Capital de Mato Grosso foi considerada a cidade mais quente do mundo. Pouco antes, a dissertação de mestrado de um imunologista apontou que nos próximos 20 ou 30 anos, devido ao aumento da temperatura, das queimadas e da poluição, Cuiabá se tornará inabitável.

Mas, será que é possível transformar nossa Capital novamente na Cidade Verde, título que conquistou há décadas e tem sido quase impossível de sustentar? Claro que sim. A resposta passa por um planejamento urbanístico que contemple, principalmente, amplas áreas verdes. E, claro, vontade política.

É aí que lembro do Parque Municipal Dante de Oliveira, que leva o nome do meu querido tio e foi lançado no ano de 2012, pelo então prefeito Wilson Santos. Com 30 hectares e 6.275,978 metros quadrados, o local seria uma grande reserva ecológica, localizada a pouco mais de três quilômetros do centro de Cuiabá, e se tornaria mais uma opção de lazer para a população cuiabana.

A história oficial dele, no entanto, começa em julho de 2006, quando a Prefeitura de Cuiabá publicou o decreto n° 4.454 de 14/07/2006 de desapropriação dos terrenos próximos à área de tomada de água bruta da estação de tratamento de água (ETA) conhecida como ETA Ribeirão do Lipa e que foram destinados à instalação do Parque Municipal.

A concepção do Parque Municipal Dante de Oliveira, porém, tem mais de 50 anos. Como já ouvi algumas vezes, a ideia original foi do engenheiro José Luiz de Borges Garcia, que presidiu a Companhia de Saneamento do Estado de Mato Grosso (Sanemat) entre os anos de 1975 e 1979, quando adquiriu a primeira parcela de terra, seguida depois, pelo engenheiro José da Conceição Gonçalves, também presidente da Sanemat.

No local, está a Tomada de Água Bruta, inaugurada no dia 8 de abril de 1969, durante o governo de Pedro Pedrossian, como parte das comemorações dos 250 anos da Capital. Décadas se passaram, projetos e sonhos foram concebidos, desapropriação e lançamento do local também e, até hoje, nenhum cuiabano conseguiu desfrutar do Parque Municipal Dante de Oliveira.

A obra previa um espaço de lazer com praça, mirante, centro cultural, área esportiva com vestiários, lanchonete, orquidário, borboletário, pista de caminhada, churrasqueira, área para equoterapia, mini-horto, deck para o Rio Cuiabá e área de camping, além de um grande corredor de proteção ambiental.

E o que temos? Uma cidade cada vez mais quente, sem grandes áreas verdes e que vive tempos difíceis, com ondas de calor insuportáveis. Como sempre digo: o que vivemos hoje é consequência dos erros do passado. Assim, o convite que faço é: vamos fazer uma Cuiabá diferente? Vamos retomar o Parque Municipal Dante de Oliveira?

*Luluca Ribeiro é advogado, ex-secretário-adjunto municipal de Esportes em Cuiabá e ex-dirigente da Federação Mato-grossense de Basketball.