OPINIÃO

Sorriso nos olhos é cartão de visita no retorno presencial ao trabalho

por Matthias Schupp

14 de Outubro de 2021, 12h37

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Divulgação

Quem não gosta de ser recebido em um ambiente profissional com um sorriso largo dos colegas? Exibir os dentes sempre foi um sinal de simpatia e da possibilidade de um bate-papo e, quem sabe, de uma nova amizade. Porém, um dos aprendizados que a covid-19 nos trouxe é que empatia e compaixão devem ir muito além do sorriso, que agora fica escondido atrás das máscaras. Mais de 19 meses após o início da pandemia no país, o avanço da vacinação está permitindo a volta a algumas rotinas. Uma pesquisa realizada pela Its’seg, corretora de seguros especializada em benefícios, revelou que 62% das empresas de diferentes portes e ramos de atuação planejam retomar o trabalho presencial ainda neste ano; 16% delas de forma totalmente presencial e 82% de maneira híbrida. Mas esse retorno não é tão simples. Nossas rotinas já não são como antes.

Agora, a convivência precisa ser sem abraço e com o já popular “sorriso nos olhos”. Com colaboradores que foram contratados já no formato de trabalho remoto e também com os que se afastaram do escritório em março de 2020, precisamos saber como nos aproximar deles, demonstrar empatia, acolher e fortalecer times. Cuidar um dos outros. A vacinação dos colaboradores contra a covid-19 tem sido considerada como forma de cuidado para muitas empresas nesse momento de retomada do presencial. Mas sobretudo, da mesma forma como foi a adaptação ao trabalho a distância, discutir a melhor maneira de retornar. Colaboradores já vacinados para voltar, deve ser uma das exigências.

Muitas empresas e indústrias já organizaram a nova estrutura física, com distanciamento das mesas, janelas mais amplas, climatização adequada e álcool em gel espalhados pelo local. Mas, o retorno exige também atenção à saúde mental dos profissionais, que passaram todo esse tempo acompanhando tudo virtualmente, muitos até perdendo pessoas e presenciando o luto de familiares e amigos, ou ainda, tratando as sequelas da doença. Pesquisas relatam que 53% dos brasileiros afirmaram que a saúde mental na pandemia piorou. Muitos até dizem que está tudo bem, mas ainda lutam com sentimentos como ansiedade, medo e dor.

Nesse quesito, a empatia é fundamental para fortalecer as pessoas, os times e as empresas de maneira natural e humana. Encontrar a receita do acolhimento talvez seja o maior desafio para líderes e gestores. Por isso, o gerenciamento das emoções é fundamental, já que exerce grande impacto na motivação da equipe, na performance dos profissionais e nos resultados das empresas. Temos a oportunidade de transformarmos o trabalho no que quisermos e, se esse processo de co-criação for bem conduzido, pode resultar em um ambiente ideal de trabalho.

Esse é o momento de todos refletirem sobre a melhor forma de receber e gerar empatia, além do sorriso. Cada um sabe o quanto está precisando disso.

*Matthias Schupp é CEO da Neodent e EVP do Grupo Straumann da América Latina.