"DOR INSUPORTÁVEL"
Médica Dieynne Saugo conta ao Fantástico momentos de desespero após três picadas da cobra Jararaca
A médica ficou internada em Cuiabá por 9 dias, na UTI (Unidade de Terapia Intensiva), e ao todo passou por três procedimentos cirúrgicos
14 de Setembro de 2020, 08h12

A médica Dieynne Saugo, que foi picada por uma cobra Jararaca, no município de Nobres (a 120 km de Cuiabá), em entrevista ao programa de TV da Rede Globo, Fantástico, na noite deste domingo (13), revelou os momentos de tensão no passeio feito por ela, o namorado e um casal de amigos que terminou em tragédia.
A corrida pela vida de Dieynne começou ainda no local quando ela foi informada que não havia soro específico para ‘matar’ o veneno da cobra em seu organismo.
Dieynne naquele dia, 30 de agosto, havia saído de casa com intuito de apresentar ao novo namorado e ao casal de amigos um ponto turístico que considera um dos mais lindos do Brasil, a cachoeira do Parque Ambiental Serra Azul.
Para se chegar à cachoeira, os turistas seguem o guia por uma trilha a pé de aproximadamente 800 metros e mais 460 degraus das escadarias. No caminho até lá, a médica e os demais membros da trilha foram avisados de que havia uma cobra pelo local.
“O pessoal que estava vindo da trilha disse que tinha visto uma cobra. Até pediram para ter uma precaução, mas nada grave, só viram a cobra durante o passeio, mas não na água”, contou o namorado da médica.
Um vídeo que estava sendo feito pela amiga de Dieynne, que preferiu ficar na ‘borda’ da cachoeira, mostra o momento exato em que a médica grita logo após o primeiro ataque, que atingiu seu pescoço. Em seguida, ela foi picada mais duas vezes na mão, por se proteger e tentar retirar a Jararaca de seu pescoço.
“Eu vi ela entrando no colete. Na tentativa de me proteger, quando eu tirei, eu saí nadando, gritando”, contou a médica do hospital Albert Einstein, em São Paulo, onde atualmente está internada.
Como a trilha era longa, Dieynne foi levada de tirolesa até a superfície da sede do parque. Lá, ela foi avisada da falta do soro antibotrópico.
“Foi quando eu fiquei sabendo que não tinha o soro na região, aí o desespero foi maior ainda”, revela.
A turista então foi trazida às pressas para Cuiabá, onde em aproximadamente três horas após o ataque recebeu soro antibotrópico no Hospital Municipal e Pronto Socorro da Capital, única unidade a ter a medicação em Mato Grosso, isso porque o Ministério da Saúde vem racionando o soro em todo o Brasil. Dos quatro laboratórios que produzem este tipo de item combatente no país, apenas o Instituto Butantan está fornecendo, segundo a reportagem do Fantástico.
Dieynne contou também que sentiu muita dor, teve inchaço nos braços e hemorragia em decorrência das sessões de vômito.
“Foi desesperador. Por que a dor aqui [mão] era insuportável, o membro começou a inchar. Tanto aqui [no queixo] quanto aqui [mão esquerda]. Eu comecei a vomitar sem parar e a ter hemorragia”, explica.
Após tomada a primeira providência, a médica foi transferida para o Hospital Jardim Cuiabá e realizou a primeira cirurgia de traqueostomia – até por isso Dieynne não consegue se comunicar perfeitamente.
Ela ainda passou por transfusão de sangue na unidade e ficou internada durante 9 dias na UTI. Depois desse período, a família pediu ajuda de desconhecidos para arrecadar dinheiro a fim de terminar o tratamento em São Paulo.
Ansiosa pra voltar pra casa, Dieynne finaliza a entrevista chorando por sentir saudade da família. A médica ainda enfrenta a batalha para também vencer a Covid-19, que descobriu após ser internada.