“SEM CORTES”

Rondonópolis adere a ato nacional pela Educação

Protesto seguiu com discursos e cartazes contrários às medidas anunciadas pelo novo ministro da Educação

por De Rondonópolis - Robson Morais

15 de Maio de 2019, 10h35

Rondonópolis adere a ato nacional pela Educação
Rondonópolis adere a ato nacional pela Educação

 

Estudantes das instituições públicas de Ensino, Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT), Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e Universidade Federal de Rondonópolis (UFR), lideranças sindicais, profissionais da Educação e representantes de movimentos sociais aderiram ao ato nacional em defesa da Educação, contra o corte de 30% do orçamento da Pasta anunciado há uma semana pelo Governo de Jair Bolsonaro -PSL. O movimento reuniu cerca 1,1 mil acadêmicos e demais trabalhadores na Praça Brasil.

Organizado, o protesto seguiu com discursos e cartazes contrários às medidas anunciadas pelo novo ministro da Educação, Abraham Weintraub. Em Mato Grosso, o corte no orçamento pode representar a precariedade nos serviços prestados pelas instituições públicas de Ensino. "[A medida de corte] é uma agressão frontal a qualquer oportunidade de desenvolvimento do país. Nos leva à beira de um retrocesso inimaginável", disse na última semana a reitora da UFMT, Myrian Serra, em comunicado oficial do Diretório Central dos Estudantes -DCE da UFR.

"Mudança de vida"

No ato desta quarta-feira (15), os discursos ao microfone se alternaram entre lideranças sindicais, professores e estudantes. À reportagem, Patrícia Alves dos Santos Oliveira contou sua história: "Sou de Guiratinga, de família pobre, cheguei aqui em Rondonópolis aos 15 anos. Na minha época, não havia políticas de ingresso e permanência nas universidades e por isso demorei três anos para conseguir entrar em uma. Mas eu consegui", conta a professorada rede estadual de Ensino formada e mestranda no campus local da UFMT. "Para mim, importante lembrar, era universidade pública ou nada. Dinheiro para faculdade particular eu não tinha", reforça.

"Consegui entrar na universidade, me formar e conquistar meu lugar no mercado de trabalho. Hoje sou professora efetivada. Não só pelo meu exemplo, sei o quanto a universidade vem transformando a vida de muita gente. É uma mudança real na vida da classe trabalhadora. Graças ao acesso à universidade, pessoas como eu tomaram conhecimento do seu lugar no mundo", diz a professora.

Patrícia está na reta final do mestrado, mantido com auxílio de bolsa, sem a qual "eu não conseguiria jamais me manter", conta. A professora de língua inglesa se especializou em educação de jovens e adultos, outra modalidade "fortemente atacada pelos Governos Federal e Estadual".

A mobilização

Este é o maior ato contra o atual presidente da República desde o início do ano e mira, por consequência, seu ministro Abraham Weintraub. O ministro dos "três chocolatinhos" substituiu o ainda mais desgastado Ricardo Vélez. Durante o dia, praticamente todas as capitais do Brasil recebem manifestações críticas aos sucessivos cortes no repasse de verbas na educação, anunciados pelo Ministério da Educação.

Desde que assumiu o posto no começo de abril, Weintraub congelou recursos tanto da educação básica quanto das universidades federais. Ao menos 2,4 bilhões de reais que estavam previstos para investimentos em programas da educação infantil ao ensino médio foram bloqueados.

O ministro também declarou que haveria um corte de 30% no orçamento de universidades federais que promovessem "balbúrdia" e tivessem desempenho acadêmico abaixo do esperado.

Além do corte no repasse para as federais, 3.474 bolsas para estudantes de mestrado, doutorado e pós-doutorado oferecidas pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) também foram suspensas.