REUNIÃO

Conselho das Entidades de Rondonópolis se antecipa e apresenta alternativas contra o lockdown

Grupo de representantes de setores elaborou novo projeto de contenção dos casos de coronavírus no município, por meio de triagem rápida e auxílio no isolamento social

por Redação

15 de Junho de 2020, 19h57

Foto: CDL
Foto: CDL

O recém-formado Conselho das Entidades de Rondonópolis, que inclui representantes dos diversos setores da economia e sociedade civil organizada, se reuniu na tarde de hoje (15) com parte do Poder Legislativo, incluindo os vereadores indicados ao Comitê de Gestão de Crises criado pela Prefeitura de Rondonópolis para ações contra a pandemia do novo coronavírus. O grupo, mais uma vez, apresentou propostas em conjunto e sugeriu alternativas mais eficazes para o controle à propagação do coronavírus no município que o chamado lockdown. Ideias que integram mais um projeto em discussão e que deverá, como outros anteriores, ser enviado também ao Poder Executivo Municipal.

O encontro ocorreu no auditório da Câmara de Dirigentes Lojistas de Rondonópolis (CDL). De imediato, as inciativas pensadas em conjunto podem evitar o agravamento da situação de quase colapso da estrutura de Saúde sem a compensação do prejuízo repassada à atividade econômica. Desde o início das discussões, o Comitê segue reafirmando sua posição contrária à adoção de medidas restritivas que põem em risco a própria população de Rondonópolis, tanto pela ineficácia quanto pelos impactos negativos em médio e longo prazo. Neste contexto, a paralisação da atividade econômica não se mostra eficaz na contenção da Covid-19.

A adoção do chamado lockdown (bloqueio total do setor produtivo) também não. “Por a + b, já ficou provado que não funcionaria. Não se trata aqui de defender apenas a economia local, mas, também somar forças e destinar esforços ao que realmente pode funcionar, preservando a saúde e a vida da nossa população. Tudo o que estamos propondo foi pensado, estudado e debatido por muitos setores, inclusive os setores Público e Judiciário”, explica o presidente da CDL -uma das participantes do Conselho-, Thiago Sperança. “Desde o início, nos propusemos a somar, apresentando, inclusive, projetos anteriores ao Poder Público Municipal. Problema é que Mato Grosso e Rondonópolis tiveram tempo para se preparar para esta pandemia, ver a realidade de outras regiões do Brasil e adora medidas, mas, infelizmente, o tempo passou e parece que nada foi feito”, completa.

Avanço inteligente

Fabio Cardoso, vereador e membro do Comitê de Gestão de Crises, corrobora: “é preciso avançar e questões pontuais, como a do isolamento social, por exemplo, de forma mais inteligente, sem que isso signifique prejuízo a empresas e fim de CNPJs. Nossa posição, minha e a do vereador Reginaldo (Santos, também membro do Comitê de Gestão de Crises), é totalmente contraria à adoção de um lockdown. Claro que sabemos da pressão, da vivência de quem está em contato mais direto com esta pandemia terrível, mas não entendo ser a melhor solução”, argumenta.

O motivo, segue Cardoso, é simples: “o brasileiro tem dificuldade em ser disciplinado”. A fala, dentro do contexto de um possível lockdown em Rondonópolis, reflete a verdade. Sem conscientização ou ações de fiscalização mais severas, boa parte da população local segue desrespeitando o isolamento social, promovendo aglomerações nas ruas e festas clandestinas dentro das residências, casos registrados pela Polícia Militar. Enquanto isso, setores que cumprem cada uma das determinações, como o comércio, perigam ser penalizados. “O Comitê (de Gestão de Crises) pode, sim, votar pelo lockdown. Meu voto é um e nós somos 13. Nesse sentido, as empresas serão as maiores prejudicadas, mas não é nelas, definitivamente, onde está o erro”, completa o vereador.

Para o empresário e membro do Conselho das Entidades de Rondonópolis, Renato Del Cistia, o exemplo recente do fechamento parcial adotado em Decreto pela Prefeitura de Rondonópolis deu uma mostra. “Infelizmente, o lockdown será confundido como folga ou feriado prolongado. Isso é um fato”, diz, e cita um exemplo: “às vésperas do fechamento no último fim de semana, supermercados sofreram com a aglomeração de pessoas, funcionários com medo da situação provocada pela medida, em conseguir controlar a população. No fim, temos dados que mostram que nunca se vendeu tanta carne e tanta bebida alcóolica entre quinta e sexta-feira. Por que será?!”.

Ideias

Como alternativas, mais um projeto segue proposto pelo Conselho das Entidades de Rondonópolis. Atuando em duas frentes, o objetivo é ampliar a orientação o cotidiano da população rodononpolitana, bem como adotar medidas práticas de contenção da propagação do vírus. Entre elas, a triagem rápida de toda a população e do chamado fluxo externo (pessoas de fora que estejam de passagem pela cidade), com medição de febre e a oximetria (teste que mede a quantidade de oxigênio no sangue, um possível indicador de Covid-19).

Para isso, tendas seriam espalhadas em pontos estratégicos do município, como praças e demais locais públicos. Os procedimentos seriam realizados, preferencialmente, por profissionais da área da Saúde e, em conjunto com o poder público, a medida possibilitaria o encaminhamento imediato de pessoas contaminadas aos órgãos de Saúde.  Com aporte municipal de aquisição de testes rápidos de Covid-19 a ideia, pode ainda, se expandir. Outro ponto positivo é o mapeamento mais rápido da população contaminada, redução da velocidade de contágio e proteção ao grupo de risco.

Outra proposta elaborada pelo Conselho das Entidades de Rondonópolis é a locação, por parte do poder púbico municipal, de quartos e demais dependências de hoteis a pacientes assintomáticos ou que apresentem sintomas leves da Covid-19 para a realização de um isolamento voluntário desta parcela da população. “O paciente que necessite poderia cumprir o isolamento social e dar início ao tratamento do novo coronavírus, sem colocar em risco seus familiares e demais pessoas próximas, em especial idosas e demais do chamado grupo de risco”, explica Tânia Balbinotti, do grupo S.O.S Santa Casa, que também integra o Comitê de Entidades de Rondonópolis. “Recurso tem, o que precisa é vontade política”, completa.

Codir

Logo após a reunião no auditório da CDL, um encontro virtual expôs, ainda, as ideias a prefeitos e secretários de Saúde dos municípios da região Sul do Estado. A videoconferência foi encabeçada pelo Conselho Temático de Desenvolvimento Industrial e Regional de Rondonópolis (Codir) da Federação das Indústrias do Estado de Mato Grosso (FIEMT). Também participaram da reunião online representantes do Ministério Público do Estado.