NA JUSTIÇA

TJMT reconhece recurso da Amaggi, autoriza arresto de milho, gerando prejuízos à Ramax e aos animais

Decisão polêmica que acaba de ser publicada autoriza retirada forçada de grãos, impactando diretamente na alimentação do gado confinado da empresa

por Da redação

16 de Janeiro de 2025, 08h37

None
Divulgação

Em uma decisão polêmica e envolta em alegações de pressão política, o Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) decidiu, na última semana, reconhecer a tempestividade de um agravo de instrumento interposto pela Amaggi Exportação e Importação Ltda., contrariando fundamentos jurídicos amplamente aceitos. O recurso, considerado intempestivo pela Ramax Importação e Exportação de Alimentos Ltda., permitiu a continuidade do arresto de grãos de milho armazenados na sede da empresa, gerando sérios prejuízos financeiros e operacionais.

O milho, que já havia sido integrado ao sistema de alimentação de animais confinados da Ramax, é um insumo essencial para a manutenção da saúde e do bem-estar dos rebanhos. “A retirada forçada dos grãos não apenas compromete a operação da empresa, como também resulta em maus-tratos aos animais, que estão sendo privados de alimento adequado e regular”, explica Queurlei Ebling, gestora do Confinamento RAMAX-Group. Especialistas alertam que essa privação pode ter consequências irreversíveis para os rebanhos, configurando violação às normas de bem-estar animal.

Questão da intempestividade

A controvérsia ganha força diante da alegação de que o recurso da Amaggi foi apresentado fora do prazo legal. “O TJMT desconsiderou que a Amaggi teve ciência inequívoca da decisão liminar em momento anterior ao início do prazo recursal, configurando o chamado ‘comparecimento espontâneo’, conforme previsto no artigo 239, § 1º, do Código de Processo Civil (CPC)”, detalha Queurlei.

A Ramax sustenta que o reconhecimento da tempestividade do recurso viola os princípios da segurança jurídica e do devido processo legal. “A decisão afronta a legislação processual e cria um precedente perigoso, onde o tempo processual é relativizado por conveniência, prejudicando empresas que atuam dentro da legalidade”, afirmou a gestora.

Prejuízos financeiros e operacionais

O impacto do arresto dos grãos vai além das questões jurídicas. A Ramax, que opera com animais confinados, sinaliza que os grãos retirados são fundamentais para a alimentação de milhares de animais, comprometendo diretamente sua saúde e crescimento. “Estamos diante de uma situação que não só nos prejudica economicamente, mas que também coloca em risco vidas. Essa ação caracteriza maus-tratos aos animais e viola normas de bem-estar animal” reforça Queurlei.

Recursos e expectativas

A Ramax irá recorrer da decisão, buscando a anulação do arresto e a reparação dos prejuízos causados pela retirada indevida dos grãos. “Estamos confiantes de que instâncias superiores reconhecerão o erro jurídico cometido e restaurarão a justiça. Não podemos permitir que interesses políticos ou econômicos se sobreponham à lei e a ética”, declarou a gestora.

A decisão do TJMT, ao que tudo indica, está longe de ser o capítulo final desse embate jurídico. Enquanto isso, os prejuízos acumulados pela Ramax e os impactos para o bem-estar animal permanecem em evidência, levantando questionamentos sobre a transparência e a equidade das decisões judiciais em casos de alta relevância econômica.