Doença de Chagas
Infestação de barbeiros preocupa famílias na região central de Rondonópolis
Terreno que armazena madeira é principal suspeito de provocar aparecimento do inseto
16 de Fevereiro de 2016, 15h00

Famílias residentes na rua Dois Horizontes, no bairro Caixa D´água em Rondonópolis, estão preocupadas com o aparecimento de insetos do tipo barbeiro na região. Os moradores suspeitam que a infestação é proveniente do acúmulo de madeira de um terreno que fica aos fundos das casas, cuja frente fica localizada na rua lateral, Domingos de Lima, na região central de Rondonópolis. Ontem (15) equipes da secretaria de saúde composta pela vigilância sanitária e secretaria de meio ambiente estiveram nas residência para verificarem a existência dos insetos e também conferirem as condições do terreno indicado pelos moradores como causador do problema.
A moradora Gysele Menezes há uns 40 dias percebeu um besourinho diferente na sua residência e diante de suas características decidiu procurar na internet mais informações. "Quando percebi que o inseto parecia com o barbeiro, que é o transmissor da Doença de Chagas, fiquei assustada, pois sei que ele é transmissor da doença de Chagas, e como tenho duas crianças, fiquei preocupada e querendo solucionar o problema, pois depois de procurar com cuidado, consegui captar vários deles".
Segundo a moradora, foi realizado um contato com algumas secretarias como a de saúde e meio ambiente para uma vistoria, mas o conselho dos órgãos oficiais foi para que eles recolhessem os insetos vivos e os levassem para uma análise.
Com medo de manusear os insetos, apenas recolheu alguns que matou em um vidro que foi apresentado às equipes que constataram que as amostras se tratavam do temido inseto barbeiro, conhecido cientificamente como triatoma Infestans.
"Teve um dia que meu filho adormeceu no sofá, e quando fomos colocá-lo na cama, percebemos a presença do inseto ao seu lado. Matamos imediatamente o barbeiro que estava repleto de sangue, indicando que havia se alimentado de alguma picada. Essa situação nos apavorou, eu vi uma picada na perninha do meu menino e fiquei observando ele durante a noite. No dia seguinte ele apresentou uma febre baixa. Estamos receosos com tudo isso", desabafa a moradora.
Uma outra vizinha, Cleonice de Souza que está gestante o caso está lhe tirando o sono. "Estou muito atormentada com a presença desse inseto, meu marido matou um recentemente, já tem a Zika que preocupa e agora mais isso".
Sem resistência, o empresário, Leonildo Rabelo abriu as portas do terreno de sua propriedade às equipes de saúde que entraram para verificar a procedência da denúncia e ali checaram que realmente o local oferece perigo à saúde dos que moram ao redor e até do proprietário que frequenta o local diariamente.
O terreno é utilizado para guardar madeira que o proprietário serra e armazena para queimar no forno do seu comércio de alimentos. Além das madeiras, o local que não tem abrigo para chuva, também contém galinhas que segundo o proprietário foram colocadas ali recentemente para dar fim nas lacraias que apareceram no verão.
Notificado, o empresário se comprometeu a realizar todas as adequações que lhe foram orientadas. Primeiramente as galinhas terão que desaparecer. Cerca de 80% da madeira armazenada terá que ser retirada, e mesmo as que estão permitidas permanecer no terreno, devem ser abrigadas para evitar as chuvas, pois madeira em decomposição também permite a proliferação do mosquito da Leishmaniose.
"Tenho netos, sou ser humano e entendo os riscos. Vou fazer o que for necessário", diz Leonildo.
Conforme o fiscal Manuel Martins, depois de verificar toda a situação, agora o procedimento será uma busca ativa, ou seja, todas as casas ao redor serão visitadas, passarão por uma borrifação assim como o terreno, porém é algo paliativo. Segundo Manoel, ainda não há uma programação para a realização das visitas nas residências, mas segundo seus anos de atividade, 99,9% dos insetos quando são examinados, não são transmissores da doença de Chagas, geralmente os testes dão negativos.
Conforme o supervisor de endemias, Rosmar Ferreira, a visita foi de caráter orientador, mas que o problema tem que ser resolvido em um prazo de 30 dias, pois está colocando em risco à saúde pública.