CORRUPÇÃO

Delação “monstruosa” de Silval deve ganhar reforço de Riva. Ministro e senadores foram citados

Ex-deputado está para fechar acordo de delação premiada junto ao Ministério Público, informou colunista

por Robson Morais

16 de Agosto de 2017, 11h00

Delação “monstruosa” de Silval deve ganhar reforço de Riva. Ministro e senadores foram citados
Delação “monstruosa” de Silval deve ganhar reforço de Riva. Ministro e senadores foram citados

Notícia publicada pelo jornalista Lauro Jardim, colunista de O Globo, aponta que uma nova delação do ex-deputado estadual José Geral Riva, atualmente preso em regime domiciliar, pode somar ao depoimento dado pelo ex-governador Silval Barbosa -PMDB à Procuradoria Geral da República -PGR.

A delação de Silval firmada em acordo foi classificada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal -STF, Luiz Fux, como "monstruosa", talvez pivô da maior operação de combate à corrupção depois da Lava Jato. Entre os esquemas estão fraude em precatórias, compra de apoio parlamentar, obstrução de justiça e "mensalinho" a deputados estaduais.

Na delação de Silval, nome de oito políticos do Estado aparecem, fora os deputados estaduais: o ministro Blairo Maggi -PP, os senadores Wellington Fagundes -PR e Cidinho Santos -PR, o deputado federal Carlos Bezerra -PMDB estão entre os citados. Todos possuem foro privilegiado.

Silval também relatou fatos envolvendo pelo menos três deputados federais com mandatos em curso e ainda alguns estaduais, que teriam recebido pagamento do mensalinho na sua gestão em troca de apoio político. O ex-governador forneceu à Justiça até vídeos dos parlamentares estaduais recebendo dinheiro em espécie.

Riva

Segundo a coluna de Lauro Jardim, datada do início da semana, Riva está para fechar acordo de delação premiada junto ao Ministério Público. "Conhecido como maior ficha-suja do país, por ter sido acionado em mais de 100 vezes pelo MPE, o ex-deputado esteve na Mesa Diretora da ALMT durante 20 anos, e comandou na gestão do então governador Silval Barbosa (PMDB) a presidência da Casa", frisa o texto.

José Riva deve dar a sua versão de alguns fatos que também estão na delação do ex-governador Silval. Em um dos assuntos deve estar a mudança de modal para a Copa do Mundo de 2014, aonde Cuiabá foi subsede do mundial, de BRT para VLT.

Operação Descarrilho

Na última quarta-feira (09), a Polícia Federal desencadeou a Operação Descarrilho, que apura crimes de fraude a procedimento licitatório, associação criminosa, corrupção ativa e passiva, peculato e lavagem de capitais, em tese ocorridos durante a escolha do modal do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) e sua execução na capital de Mato Grosso.

A Operação Descarrilho foi motivada pelo depoimento de Silval Barbosa ao Ministério Público Federal de MT, que revelou que o ex-presidente da Assembleia Legislativa do Estado, José Riva fez pressão para que ele, Silval, incluísse a empresa Multimetal Engenharia de Estruturas, segundo o MPF, realizar obras do VLT em Cuiabá e Várzea Grande.

Segundo trecho da decisão, a empresa CR Almeida, que forma o Consórcio VLT,  teria sublocado a Multimetal a pedido do então deputado Riva, que na época presidente da ALMT, e que para o Ministério Público Federal o ex-parlamentar era uma espécie de 'sócio oculto' da Multimetal.

A sublocação rendeu um contrato milionário à Multimetal, que na época foi no valor de R$ 11,5 milhões.

Ainda segundo a investigação, Janete Riva, mulher de José Riva, teria ficado sócia da empresa, detendo 40% da Multimetal.

De acordo com o MPF, o ex-deputado José Riva exerceu forte influência sobre o Governo Silval para que o VLT fosse escolhido como modal para Copa do Mundo de 2014 e para que a empresa da mulher dele fosse contratada para fazer obra do VLT.

A Multimetal acabou sendo um dos alvos de mandados de busca e apreensão na Operação Descarrilho.

Em nota, o advogado Rodrigo Mudrovitsch, que defende o ex-deputado estadual, afirmou que José Riva está colaborando com as investigações e que as informações prestadas pelo ex-deputado ao Ministério Público Federal (MPF) estão sob segredo de justiça.