Rosana Leite

Sejamos Rosas!

por Rosana Leite

18 de Janeiro de 2021, 09h22

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Divulgação

O dia 15 de janeiro deve ser lembrado com bastante reflexão, principalmente pelas mulheres. Rosa Luxemburgo, no ano de 1919, foi assassinada na citada data, juntamente com Karl Liebknecht, seu companheiro de partido, o Partido Comunista da Alemanha.

Tinha como nome de batismo Rozalia Luksenburg, em polonês. Foi filósofa e economista marxista. Ficou imensamente conhecida pela militância ligada à Social Democracia da Polônia (SDKP). Fez parte da fundação do grupo ligado ao marxismo, que mais tarde fundaria o Partido Comunista da Alemanha.

A história rememora que Rosa era mulher apaixonada por tudo que costumava desempenhar. Inclusive, seu grande desejo era unir a luta política com a vida pessoal. Não se preocupava em ter alguns sonhos para os socialistas reconhecidos como da burguesia, tal como o desejo de conforto em casa, paz, prazer, felicidade e o nascimento de filhos e filhas de seu ventre.

O feminismo não era o principal viés. Todavia, é inegável a importante contribuição e exemplo pelo ativismo revolucionário que exercia. Tinha grande coragem tanto do intelecto quanto da moral, de maneira que era bastante intransigente em favor do que achava justo.

Rosa era daquelas pessoas que não tolerava hipocrisia. Por isso, muitas vezes, se desentendeu com os próprios companheiros e companheiras que preferiam a decisão sem olhar a todo o grupo. Entendia que a real defesa partidária socialista somente seria provável se todo o grupo fosse ouvido, e com decisão a atender ao maior número de pessoas. O individualismo não possuía coro para ela, na defesa da igualdade.

Isabel Loureiro, no livro ‘Rosa Luxemburgo e o protagonismo das lutas de massas’, da editora Expressão Popular, é categórica: “As mulheres em particular podem mirar-se em seu exemplo: a coragem e ousadia com que enfrentou preconceitos fortemente arraigados na social-democracia alemã, onde às militantes eram reservados os assuntos ‘femininos’, sinônimo de pouco sérios, é até hoje surpreendente. Intelectual e oradora brilhante, Rosa jamais se conformou com esses limites. Seu objetivo era fazer política em pé de igualdade com os maiores teóricos do partido em vez de ficar numa posição subalterna”.

Tencionava fazer a reforma social através da luta de classes. Foi presa em diversas ocasiões pelo posicionamento político fiel e forte que ostentava. No bairro central de Berlim (Mitte), a praça e o metrô receberam o seu nome. Existe, ainda, um monumento no canal onde o seu corpo foi jogado pelos paramilitares do ‘Freikorps’.

Na sede do jornal ‘Neus Deutschland’, jornal oficial do extinto Partido Socialista Unificado da Alemanha e atual Partido de Esquerda há uma estátua de Rosa, confeccionada por Rolf Biebl. Em Varsóvia, uma indústria fabricante de lâmpadas foi nomeada ‘Rózy Luzsemburg’ durante o governo da República Popular da Polônia.

Bertolt Brecht (1919) escreveu para Rosa o que se tornariam em 1928 ‘O Réquiem de Berlim’: “Aqui jaz Rosa Luxemburgo, judia da Polônia, vanguarda dos operários alemães, morte por ordem dos opressores. Oprimidos, enterrai vossas desavenças! ”

Antes de ser assassinada, aos 48 anos, foi brutalmente espancada até perder a consciência. Seu corpo foi atirado no canal Landwehr, que atravessa o parque central de Berlim (Tiergarten), só sendo encontrado em 31 de maio do mesmo ano, quando foi sepultado.

É sabido que o capitalismo se exerce através de hierarquia. E, nesta seara, certamente as mulheres são as maiores prejudicadas, ou melhor dizendo: escravizadas. A consciência crítica de onde cada qual se encontra, e onde deve estar por direito é premissa a se perseguir.

Mulheres: ‘Sejamos Rosas!’

Rosana Leite Antunes de Barros é defensora pública estadual.