SAÚDE

Epilepsia: Mitos e verdades sobre a doença neurológica que ainda enfrenta preconceitos

Apesar de ser amplamente estudada pela medicina, a epilepsia ainda carrega um forte estigma social e é cercada de desinformação

por Da redação

18 de Fevereiro de 2025, 07h36

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Divulgação

A epilepsia é uma doença neurológica que afeta mais de 50 milhões de pessoas no mundo, sendo cerca de 3 milhões de brasileiros, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Caracteriza-se por descargas elétricas anormais no cérebro, que provocam as chamadas crises epilépticas, podendo causar alterações na consciência, eventos motores involuntários, sintomas sensoriais e até fenômenos psíquicos.

Apesar de ser amplamente estudada pela medicina, a epilepsia ainda carrega um forte estigma social, sendo cercada de desinformação. Segundo o médico neurologista/epileptologista e neurofisiologista, Bruno Reginato Gumiero, muitos mitos persistem, dificultando o diagnóstico precoce e a inclusão de pessoas com epilepsia na sociedade. Para esclarecer o que é mito e o que é verdade, reunimos informações de especialistas para desmistificar essa condição.

“É muito importante a divulgação sobre a epilepsia, pois pode acometer qualquer pessoa em qualquer fase da vida. Possuindo tratamento com chances de controle de até 70% do controle de crises convulsivas,  possibilitando a viver suas vidas normalmente, em alguns casos mais complexos onde não atingem um controle adequado, é possível ainda cirurgia com taxas ainda elevadas para controle e por vezes cura. O acompanhamento com o neurologista especialista em epilepsia torna a vida mais saudável, reintrodução a uma vida normal, ou mesmo reduzindo possíveis sequelas, e em alguns casos riscos de morte”, comenta Bruno Gumiero.

MITOS E VERDADES SOBRE A EPILEPSIA 

Epilepsia é contagiosa.

FALSO – A epilepsia não é uma doença transmissível, ela é uma consequência decorrente de outras enfermidades. Não há nenhum risco de contágio. 

Durante uma crise convulsiva, deve-se segurar a pessoa e impedir que ela engula a língua.

FALSO. As crises convulsivas em sua grande maioria são autolimitadas com duração de até 5 minutos, e durante os eventos os movimentos corporais são súbitos e intensos. Neste momento, o melhor a ser feito são manobras para proteger o indivíduo. O correto é deitar a pessoa no chão, afastar objetos com que ela possa se machucar, virar ela de lado e elevar o queixo para cima, temos que lembrar que respiramos pelo nariz e não pela boca, e que o risco com a língua e de morder a própria língua e cortá-la, portanto, para evitar este tipo de lesão orientamos a colocar um pano enrolado entre os dentes para proteger a língua de mordidas.

Toda convulsão é epilepsia.

FALSO. Crises convulsivas são sintomas, semelhantes a uma febre alta, em uma infecção de garganta, ou seja, fazem parte de alguma injúria no cérebro. A epilepsia é por definição a predisposição a gerar crises convulsivas de repetição.

Epilepsia é uma doença mental.

FALSO. A epilepsia é por definição predisposição a crises convulsivas, e quando não controladas o paciente pode sim desenvolver distúrbios psiquiátricos associados.

Epilepsia tem cura.

Dependendo do tipo de epilepsia. Existe atualmente uma variedade considerável de causas da epilepsia, e é necessário saber em qual paciente se encaixa. Dependendo do tipo de epilepsia o paciente pode se “curar sozinho” por serem autolimitadas, ou mesmo necessitar de cirurgia para alcançar a cura. Em poucos casos, a única possibilidade é o controle.

Pessoas com epilepsia não podem dirigir.

DEPENDE. De acordo com a Associação Brasileira de Educação de Trânsito, pacientes epilépticos podem dirigir se estiverem há pelo menos um ano sem crises e apresentarem laudo médico. No entanto, a direção de motocicletas é proibida.

É possível manter a consciência durante uma crise epiléptica.

VERDADE. Nem todas as crises envolvem perda de consciência. Algumas ocorrem com pequenos espasmos musculares, alterações sensoriais ou formigamentos, sem desmaios ou convulsões.

O estresse pode desencadear crises epilépticas.

VERDADE. O estresse é um fator que pode contribuir para o aparecimento de crises em pacientes com epilepsia.

Existem medicamentos que controlam a epilepsia. 

VERDADE. Cerca de 70% dos casos podem ser controlados com medicações antiepilépticas, enquanto os 30% restantes são classificados como epilepsias refratárias.

A epilepsia pode acometer todas as idades.

VERDADE. A epilepsia pode se manifestar desde o nascimento até a terceira idade, sendo mais comum em crianças e idosos.

Pacientes com epilepsia podem levar uma vida normal.

VERDADE. Pessoas com epilepsia podem trabalhar, estudar, praticar esportes, casar e ter filhos, desde que a doença esteja controlada com o tratamento adequado, 

COMO AGIR DURANTE UMA CRISE EPILÉPTICA?

Se você presenciar alguém tendo uma crise epiléptica, siga estas recomendações:

- Mantenha a calma e tranquilize as pessoas ao redor;

- Evite que a pessoa caia bruscamente no chão;

- Deite-a de lado para evitar sufocamento com saliva ou vômito;

- Proteja a cabeça com algo macio;

- Afrouxe roupas apertadas para facilitar a respiração;

- Não tente segurar os movimentos da pessoa e não introduza nada na boca;

- Permaneça ao lado dela até que recupere a consciência;

- Chame socorro se a crise durar mais de 5 minutos.