OPINIÃO
Santa Helena, o Hospital de Chapa e Cruz
18 de Junho de 2024, 18h00
Seria ousadia minha querer discutir a origem de um dos termos mais conhecidos do nosso linguajar Cuiabano e que tem as mais diferentes versões em qualquer discussão da nossa Cuiabania. Indiscutível mesmo é que o termo chapa e cruz é usado para designar o cuiabano legítimo, aquele que nasceu, vive e pretende morrer em nossa querida cidade-verde, sendo que a chapa em questão, em muitas vertentes, se refere a certidão de nascimento desse.
Desta forma, há 61 anos atrás, em 9 de julho de 1963, era assinada a constituição ou podemos dizer, a Chapa, do Cuiabano que estaria presente e apoiando a “dar à luz” a tantos outros, o Hospital Santa Helena.
Incrustado no morro da região do João da Costa Pereira, próximo a leiteria do local, já na zona rural da cidade, visto que Cuiabá naquela época praticamente se encerrava na atual avenida Mato Grosso. Sua origem modesta, desde sempre e para sempre, tem base forte no apoio à nossa população, principalmente em situações de vulnerabilidade. Sempre fazendo muito e falando pouco. Fazendo o bem, sem olhar a quem.
Seu povo, a Família Santa Helena, atualmente com 450 colaboradores (sendo quase 80% mulheres) e mais de 100 médicos, diuturnamente se dedica a apoiar outras famílias em histórias de superação que se fundem em uma só. Sendo aproximadamente dez mil partos por ano, está presente nas vidas de mais de um terço da população mato-grossense e quase 70% da população da baixada cuiabana. São verdadeiros heróis que merecem todo nosso respeito e admiração.
Além de estar presente no momento mais crítico e abençoado para as famílias, a Maternidade recebeu o selo Hospital Amigo da Criança, em reconhecimento da UNICEF, e busca sempre reduzir a mortalidade infantil, apoiando e conscientizando sobre a importância do aleitamento materno o alimento padrão ouro. É do Hospital a iniciativa do “Primero Berço”, onde as mães saem do Hospital recebendo uma caixa em que, além de ter itens de primeira necessidade para ela e para o bebê, e um pequeno presentinho, ainda conta com acolchoamento interno para ser utilizado como berço, essa estrutura tão importante para proteção dos recém-nascidos.
Tudo isso ainda é somado ao Método Canguru, onde o recém-nascido pré-termo ou baixo peso (que no Brasil representam 10% dos bebês) recebem uma linha de cuidados adicionais baseados em cinco pilares (acolhimento do bebê e sua família, respeito às individualidades, promoção do contato pele a pele precoce, envolvimento da mãe e do pai nos cuidados com o bebê e apoio a amamentação).
O Amor ao Próximo e a busca pela excelência nas práticas de saúde estão presentes em todos que encontram sua vocação. Colaboradores com mais de 30, 40 anos de casa, ali construíram suas famílias, e alguns até já estão em sua segunda ou terceira geração familiar trabalhando no Hospital. Esse é o diferencial que fez e faz o Hospital superar tamanhas dificuldades da saúde no Brasil.
Tendo se tornado Hospital Beneficente, compromete-se em atender, em sua grande maioria, pelo Sistema Único de Saúde, tão importante para nossa população, onde num país de tamanhas desigualdades, quase 80% do povo, não conta com plano de saúde e fica exposto em um momento tão crítico como quando a saúde lhe falta.
Imaginemos por um momento como seria se num país com tanta falta de oportunidades, não contássemos com apoio de entidades filantrópicas, e de Saúde Pública por meio do SUS para apoiar a população carente quando mais precisam, ou ainda idosos, mães, recém-nascidos, entre tantos outros. Com essa missão, o Hospital busca, desde sempre e para sempre, ampliar seu impacto e responsabilidade social.
Suas especialidades atendidas transbordaram a maternidade, ampliando-se para Ginecologia, Clínica Geral, Pediatria, Hemodinâmica, Cirurgias Ortopédicas, Urológicas, Gastrologia, entre vários outros, chegando atualmente a uma taxa de utilização superior a 95%, estando entre as maiores do setor.
Essa alta capacidade atual vem gerando importantes reflexões sobre como manter e ampliar o atendimento à população para as gerações futuras. A filantropia apenas é possível com apoio do Estado (como ensina Adam Smith, o Pai da Economia Moderna, o Estado precisa garantir os direitos de todos e, portanto, é parte integrante desta equação), mas principalmente com engajamento de entidades privadas e da população como um todo.
Recentemente o Hospital Beneficente Santa Helena, esse jovem em seus 61 anos, tem se renovado, com projetos de expansão, criação de setores como Planejamento Estratégico, Comunicação e Relações Externas (repaginando suas mídias sociais), bem como reforço em seus principais Pilares Estruturais como Pediatria e Neonatologia, tudo isso apesar das infelizmente tão conhecidas mazelas da saúde em nossa capital.
Nesta construção de futuro, foi conclamado a toda população para votar no Slogan que mais caracterizava todo legado do Hospital, e o resultado não poderia ter sido mais emblemático: “Hospital Santa Helena, uma história de amor desde o nascimento”.
Como a vida nos ensina a cada nascimento, todos os dias temos a benção da renovação, a possibilidade de escrever uma nova história ou ainda reforçar histórias positivas. Assim como esse texto lhe tocou neste momento e há infinitas possibilidades em cada alvorecer, então qual convocação mais iluminada senão à saúde e ao amor ao próximo? Saúde, Cuiabá!
Executivo, filantropo, voluntário em gestão e planejamento estratégico do Hospital Santa Helena Bernardo Sandrin